sexta-feira, agosto 29, 2008

eu que sei
de tudo
que sei...
Conclusão a sucata !... Fiz o cálculo

Conclusão a sucata !... Fiz o cálculo,
Saiu-me certo, fui elogiado...
Meu coração é um enorme estrado
Onde se expõe um pequeno animálculo...
A microscópio de desilusões
Findei, prolixo nas minúcias fúteis...
Minhas conclusões práticas, inúteis...
Minhas conclusões teóricas, confusões...

Que teorias há para quem sente
O cérebro quebrar-se, como um dente
Dum pente de mendigo que emigrou ?

Fecho o caderno dos apontamentos
E faço riscos moles e cinzentos
Nas costas do envelope do que sou...
eu que um dia fui
coisas que eu nem sei
mas se no índice
tudo indicaria qualidades do sentir
eu que dizia sentir tesão
eu que gostaria de
sentir mais tesão
pela vida
e saberia viver
por querer sentir
mais
e mais
e a qualidade primeira
de te ver
de te querer
de sentir teu cheiro
de escrever versos aleatórias
numa campanha política
qualquer...
que passa
e tuas mãos no meu corpo
saberiam dizer o que se faz
necessário
e daí,,,
nada importa
as 04:25 da manhã;.
e agora eu vou embora
eu corro o risco
e não te vi por completo...


Sâmara



Ah, um Soneto...

Meu coração é um almirante louco
que abandonou a profissão do mar
e que a vai relembrando pouco a pouco
em casa a passear, a passear ...

No movimento (eu mesmo me desloco
nesta cadeira, só de o imaginar)
o mar abandonado fica em foco
nos músculos cansados de parar.


Há saudades nas pernas e nos braços.
Há saudades no cérebro por fora.
Há grandes raivas feitas de cansaços.


Mas — esta é boa! — era do coração
que eu falava... e onde diabo estou eu agora
com almirante em vez de sensação? ...