Sonho que sou um cavaleiro andante.
Por desertos, por sóis, por noite escura,
Paladino do amor, busca anelante
O palácio encantado da Ventura!
Mas já desmaio, exausto e vacilante,
Quebrada a espada já, rota a armadura...
E eis que súbito o avisto, fulgurante
Na sua pompa e aérea formusura!
Com grandes golpes bato à porta e brado:
Eu sou o Vagabundo, o Deserdado...
Abri-vos, portas d'ouro, ante meus ais!
Abrem-se as portas d'ouro, com fragor...
Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão - e nada mais!
Antero de Quental
sábado, fevereiro 28, 2009
quinta-feira, fevereiro 05, 2009
Uma flor desidratada...
Ela espera o seu tempo.
Que seu tempo passe.
Parece carecer de algo, ela é muito pobre, mas isso é o que ela é..
indelevelmente pobre...
Já não quer mais se levantar,
Os dias vão passando deitados,
nos olhos úmidos, numa casa onde não sabem o que é o amor.
O sentido de estar ali também não se sabe mais.
Como se existisse sem vontade, mas tivesse a lembrança do que poderia
vir-a-ser...
Não há mais pelo que chorar,
Já não está mais condicionada em nenhuma dor,
ainda sim tem as palpebras inchadas, talvez sejam lágrimas
aprisionadas...
Já não se questina a melancolia com que trata seus dias,
como uma flor desidratada, só espera que seu tempo passe...
Já não brinda à Dioniso, à nadie...
Permanece estática... tem preguiça até de seus pensamentos mórbidos...
O que há com essa vida que não sabe viver, senão como uma bulha?
Não sabe o que lhe falta para que possa enfim contemplar, que seja bucólicamente
pobre, que seja... mas lhe falta contemplação.
Onde está o desejo?
E o prazer?
Onde foi que ela perdeu aquela singular satisfação de viventes que se limitam em viver?
Ou que ela possa contentar-se simplesmente em ser...
Não que ela não seja interessante, ela é sim, ou o é o suficiente para desprezar quem quer
que seja, mas isso também é pouco, ou é nada.
Ela não sabe qual o atual problema, nem há problemas aparentes,
nem conceitos, há somente uma vida que já não busca sentido algum e como poderia deixá-la assim?
Sei que não quer inventar nenhum sentido,
por isso temo que seu tempo passe pobre assim...
Que seu tempo passe.
Parece carecer de algo, ela é muito pobre, mas isso é o que ela é..
indelevelmente pobre...
Já não quer mais se levantar,
Os dias vão passando deitados,
nos olhos úmidos, numa casa onde não sabem o que é o amor.
O sentido de estar ali também não se sabe mais.
Como se existisse sem vontade, mas tivesse a lembrança do que poderia
vir-a-ser...
Não há mais pelo que chorar,
Já não está mais condicionada em nenhuma dor,
ainda sim tem as palpebras inchadas, talvez sejam lágrimas
aprisionadas...
Já não se questina a melancolia com que trata seus dias,
como uma flor desidratada, só espera que seu tempo passe...
Já não brinda à Dioniso, à nadie...
Permanece estática... tem preguiça até de seus pensamentos mórbidos...
O que há com essa vida que não sabe viver, senão como uma bulha?
Não sabe o que lhe falta para que possa enfim contemplar, que seja bucólicamente
pobre, que seja... mas lhe falta contemplação.
Onde está o desejo?
E o prazer?
Onde foi que ela perdeu aquela singular satisfação de viventes que se limitam em viver?
Ou que ela possa contentar-se simplesmente em ser...
Não que ela não seja interessante, ela é sim, ou o é o suficiente para desprezar quem quer
que seja, mas isso também é pouco, ou é nada.
Ela não sabe qual o atual problema, nem há problemas aparentes,
nem conceitos, há somente uma vida que já não busca sentido algum e como poderia deixá-la assim?
Sei que não quer inventar nenhum sentido,
por isso temo que seu tempo passe pobre assim...
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