Tenho de voltar a escrever, voltei, tá estranho comparar Merleau-Ponty e Wittgenstein,
entrei num outro projeto, e ainda encontro sobre imaginação que parece que nunca vai acabar
foram dias quentes, conheci um maravilhoso filósofo que me deu muitos bons conselhos
disse que meus maus pensamentos eram maus, o que eu já sabia
vim hoje para a biblioteca do Palácio, está atrás de mim muitas fábulas gregas
estou perdida em tanta filosofia
ele disse pra eu escolher um nicho, e Wittgenstein não era boa ideia, assim como
Juliet disse sobre Ryle, enfim, foi bom ele falar pra eu jogar mesmo
mas, eu ainda acho que o que ele me aconselhou eu já tinha feito
encontrar pessoas lindas para estudar e depois escrever para elas, enfim...
todo mundo vai gostar de ser lido, é isso que todos querem
contar citações, falou pra eu fazer várias coisas e depois me agradeceu
por cuidar dele no Porto, eu só chorei, chorei quando cheguei em casa
e estou quase a fazer o mesmo na biblioteca
eu sei que sou especial, e quem não pensa assim, precisa de ajuda.
Demos dois abraços muito fortes no final, parecia que ele sentia
compaixão por me ver depressed,
fui à praia no feriado, foi bom, levei o Noë,
mas os dias com o Richard, estão todos a dizer keep going
keep going
e vou indo,
vou pra casa,
por que realmente gosto de escrever e pesquisar sem tantos rostos
diante de mim.
Ele falou pra eu encontrar meu lugar, e disse muitas estratégias,
eu disse que quase tinha que tomar notas... mas, eu confessei pra ele no fim
que amo os professores que aprendo, foi quando abraçamos.
Ele disse que um dia talvez poderíamos nos ver novamente, talvez eu esteja
em algum lugar do mundo, eu perdi a imaginação nesse momento.
Pareço que só me vejo num lugar,
e era pra sonhar, mas enfim, estou perdida em projetos
que pesam em mim, e decidi ir trabalhar de freela, sei lá fazendo o que,
no Primavera Sound, pelo menos vou ouvir os shows espero...
mas, enfim, era pra terminar o projeto rápido e enviar pro Olimpo.
Estou lendo ainda o que quero dizer, eu me perco nas comparações.
E Ari vai pra onde se eu voltar pro POnty e Witt agora?
eu preciso aceitar o movimento,
o seminário deve acabar, tudo aqui provavelmente vai acabar,
o novo lindo brasileiro antropólogo que lê Deleuze e Marx
e fala do inefável, vai revisar minha tese, eu não sei como vai ser isso...
só me sinto lançada, sei que vai vir chumbo grosso de Lisboa pra me chicotear
por não ler do grego, nem vai ficar feliz por eu ter uma tese em Aristóteles
e misturar tanta coisa, mas eu preciso me sentir especial e feliz, e não sei por que não consigo
neste momento.
Já não posso beber vinho, parei com o remédio, dane-se eu quero ver até onde a minha imaginação
vai. É cada imagem monstruosa que eu às vezes dou risada, mas me sinto tão cansada
e tentar ser forte e contente, sentar num restaurante e almoçar sozinha sentindo-se
não mais adolescente nesse mundo,
por que vi que consigo ter conversas maravilhosas e honestas com homens
que sabem do jogo que eu estou a entrar.
Mas meu jogo mesmo vai ser escrever, meu networking vai ser por destino,
por amor mesmo. Eu vou pra casa agora, por que me dói a cabeça
deve ser toda essa gente na minha frente e eu já estou a chorar de novo.