sexta-feira, abril 11, 2008

quarta-feira, abril 09, 2008

Espasmos de lucidez

Minha predisposição suícida de lançar
ao abismo
partiu...
Achegou-se sentimentos que são filhos bastardos
da realidade projetada.
E agora eu os projeto.
Estudo, estudo...leio, leio...e no fim acabarei como
todos, no meu fim.
Tentam me enforcar durante o sono,
o que obviamente traz me o não bem-vindo torcicolo...
que coisa rídicula...eu e torcicolo, se a segunda é bem
mais real, parece que sim.
Mas agora a Doroty chega em casa,
e pensa uma forma de deixar as malas como estão,
pra que a partida seja em pronto..
Doroty às avessas...
O tempo me acaba, sobram café e livros..

Sâmara

terça-feira, abril 08, 2008

Soneto

Agregado infeliz de sangue e cal,
Fruto rubro de carne agonizante,
Filho da grande força fecundante
De minha brônzea trama neuronial,

Que poder embriológico fatal
Destruiu, com a sinergia de um gigante,
E tua morfogênese de infante
A minha morfogênese ancestral?!

Porção de minha plásmica substância,
Em que lugar irás passar a infância,
Tragicamente anônimo, a feder?!

Ah! Possas tu dormir, feto esquecido,
Panteisticamente dissolvido
Na monumentalidade do NÃO SER!


Augusto dos Anjos

quarta-feira, abril 02, 2008

A Fausto

Aquele que parte em busca do definido,
o tornar-à-ser.
Grandes aspirações, prisioneiro e só.
Ondas propícias ao conquistar a vida;
ao se mostrar para o mundo e se afirmar
diante as Helenas.
Arrojado em terras estranjeiras,
coisa alguma ensinar que
aos púpilos sirva, entusiasmo ou dor?
Nas fotografias que não estás?
Sem cessar de meu peito,
promete o botão desabrochando;
enquanto flores tu já colhias.
Fostes presente e sempre o serás.
Já não há contentar um homem feito, e
nas vãs aparências desdenhando...
No úmido ou no seco, frio ou cálido,
novo sangue vivaz, incansável?
Pensei que não...
Nada tivera que me fosse próprio,
amor de verdade e doce apego,
que seja ilusões da vida, ardentes, livres,
restitui-me
agora!
E caminhai, com rapidez medida, desde o céu,
pela terra, ao fundo inferno.
Desejo beber contigo, mas não se cumpre amanhã o que
hoje não for feito.
E nem um dia só perder se deve.
Enfim, licença lhe dou de a si mentir algumas vezes,
que não dura isso muito.
Ânsia ou terror te dilaceram.
Basta já disso! Isso que tem de ser, enfim suceda!
Espera a tua amante, tudo no mundo achando
escuto e triste, não sais do sentido,
loucamente te ama.

Sâmara, a Margarida.