sábado, setembro 27, 2014

chega de autocríticas
auto interpretações da própria percepção
espontaneamente cansei
ou simplesmente os hormônios agora
são outros
as faltas linearmente eu acostumo
afinal
é melhor não se comprometer
só temos a nós mesmos
querer o possível
work with my hands
eu não delimito o que sinto
mas agora falarei somente aqui
eu sei que minto
sinto o útero dar cambalhotas...
era preciso o q?
não! não quero nada!
nem poesia,
estética, metafísica...
porra nenhuma.



"Mas eu, em cuja alma se refletem
As forças todas do universo,
Em cuja reflexão emotiva e sacudida
Minuto a minuto, emoção a emoção,
Coisas antagônicas e absurdas se sucedem —
Eu o foco inútil de todas as realidades,
Eu o fantasma nascido de todas as sensações,
Eu o abstrato, eu o projetado no écran,
Eu a mulher legítima e triste do Conjunto
Eu sofro ser eu através disto tudo como ter sede sem ser de água."
Álvaro de Campos

quarta-feira, setembro 24, 2014

Do I Wanna Know?


Have you got colour in your cheeks?
Do you ever get the fear that you can't shift the type that sticks around like summat in your teeth?
Are there some aces up your sleeve?
Have you no idea that you're in deep?
I dreamed about you nearly every night this week
How many secrets can you keep?
'Cause there's this tune I found that makes me think of you somehow and I play it on repeat
Until I fall asleep
Spilling drinks on my settee

(Do I wanna know?)
If this feeling flows both ways?
(Sad to see you go)
Sorta of hoping that you'd stay
(Baby, we both know)
That the nights were mainly made for saying things that you can't say tomorrow day

Crawlin' back to you
Ever thought of calling when you've had a few?
'Cause I always do
Maybe I'm too busy being yours to fall for somebody new
Now I've thought it through
Crawlin' back to you

So have you got the guts?
Been wondering if your heart's still open
And if so I wanna know what time it shuts
Simmer down and pucker up
I'm sorry to interrupt
It's just I'm constantly on the cusp
Of trying into kiss you
But I don't know if you feel the same as I do
But we could be together if you wanted to

(Do I wanna know?)
If this feeling flows both ways?
(Sad to see you go)
Sorta of hoping that you'd stay
(Baby, we both know)
That the nights were mainly made for saying things that you can't say tomorrow day

Crawlin' back to you (crawling back to you)
Ever thought of calling when you've had a few? (you've had a few?)
'Cause I always do ('cause I always do)
Maybe I'm too (maybe I'm too busy) busy being yours to fall for somebody new
Now I've thought it through
Crawling back to you

(Do I wanna know?)
If this feeling flows both ways?
(Sad to see you go)
Sorta of hoping that you'd stay
(Baby, we both know)
That the nights were mainly made for saying things that you can't say tomorrow day

(Do I wanna know?)
Too busy being yours to fall
(Sad to see you go)
Ever thought of calling, darling?
(Do I wanna know?)
Do you want me crawling back to you?

Dentro

Entre o prédio vermelho a avenida e a universidade
as aulas e os livros
as línguas
os entes vestidos que se cruzam
os ladrões possíveis
o amor possível
eu passo e vivo
o quarto e a coberta cinza
uma cópia de Monet
os discos que não ouço
e as teorias que virão
e serão somente teorias
que dirão conhecimento
e pedirão palmas
e opinião
aham...
deu sono de novo
yesterday
sou eu de novo
e não há como voltar
você vai embora
eu sei
eu posso estar errada
com ou sem você
que pode ser você
se quisermos
e pode também não ser
se quisermos
enfim, queremos
estar bem e isso é tudo,
não precisamos estar dentro
....................
eu tenho dúvidas............................

Sujeito corporificado com percepção fudida

não sei o que se passa
quero ficar com os olhos fechados
podem ser os hormônios?
sinto-me impelida a perceber toda a contingência
que há no mundo
mas nas minhas ações pareço ser sempre a mesma
o que cansa-me demasiado
a minha auto interpretação de saco cheio
por minha repetição
agora se sangrar
devo não querer morrer daqui uns dias
por enquanto
acho que é cabeça vazia
falta de serviço
muita leitura
muitas línguas
a vontade é de fugir de país
sei lá...
nada irá mudar
mas será que na China eu seria a mesma
idiota???
no sul da França?
no norte da Itália?
em Freiburg?
um semestre em Porto?
e se passasse uns dias em Monte Saint-Michel?
na casa do caralho?
na puta que pariu?
e se o sujeito corporificado e sua percepção
a vai se fuder...
nem fudendo a coisa muda...
qual experiência faria com que a minha razão
mudasse a percepção de mim mesma?
Sâmara, você somente se verá diferente
se agir diferente...
fudeu de novo.
Você muda, eu vejo...
relaxa, só sente mais ou menos
parecido....
as necessidades é que não mudam muito...
merda.

Débil mental

poderia fugir das minhas ações?
não
o que faço está feito
não há que perder tempo
por saber da própria ridicularidade
em que se encontra
saberia ser outra?
parece que não
a dinâmica é sempre idiota
o que fará se nas tpm's da vida
se coloca a fragilzinha
ridicularizável
quando irá acabar isso?
que merda!
o melhor a se fazer a essa hora
dormir.
num minuto a mais
da meia-noite
e meia...
lamentar é desncessário
suas paixões inúteis
aparecendo a esta hora da noite
demonstrando o quanto sua razão
é débil.

quinta-feira, setembro 18, 2014

blá blá blá do badalo anunciando a hora de dormir...

Como eu posso pensar em algo que não existe?
A minha experiência perceptual não é imediata,
o que atinge minha consciência?
O que impacta meus sentidos?
mais blá blá de sempre...
ok
meus pensamentos dados pelo meu recorte
da percepção não são infalíveis
E quando eu erro?
eu não pensei em nada?
já que não está no mundo, pois estava iludida...
Quando penso no meu amor,
e não há amor nenhum
eu não pensei em nada. O meu pensamento é inadiável,
mas se não há conexão com o que está mundo,
que merda.
Se meu pensamento me motiva a agir
e se estou iludida
não ajo...
Devo me situar no mundo
onde estou, como me relaciono a partir de onde
é...
A minha memória tem as cores
daqueles tons que eu percebia?
Posso distingui-los?
posso dizer o que significam?
Não!
Se o objeto que penso não está em relação
com o meu corpo,
não há experiência, Sâmara....


O Patrão Nosso de 


Cada Dia


Secos & Molhados

Eu quero o amor
Da flor de cactus
Ela não quis
Eu dei-lhe a flor
De minha vida
Vivo agitado
Eu já não sei se sei
De tudo ou quase tudo
Eu só sei de mim
De nós
De todo o mundo
Eu vivo preso
A sua senha
Sou enganado
Eu solto o ar
No fim do dia
Perdi a vida
Eu já não sei se sei
De nada ou quase nada
Eu só sei de mim
Só sei de mim
Só sei de mim
Patrão nosso
De cada dia
Dia após dia

Deturpando Hume

"¨É verdade que, para se estabelecer uma
união perfeita entre paixões, é preciso sempre uma
dupla relação, de impressões e de idéias;
uma só relação é insuficiente para esse fim."

sei lá qual página do Tratado

blá blá de sempre

são inúmeras análises e teorias
as línguas que todas estas foram ditas
os egos que pedem para ser vistos
lidos, ouvidos, comentados
A política em pauta
o amor que faz falta
L O V E uma ova
o céu refletido na pintura
as seis páginas do projeto
que não valem de nada
está tudo errado
não diz de ontologia 
talvez de antropologia
mas não é dar respostas
e sim problematizar
ah vai que se eu estivesse a caminhar na
lagoa
e não tivesse uma aula sobre Heidegger
daqui uns minutos
não seria mais feliz?
se eu pudesse dizer "aquele outro, que é meu"
como ouvi hoje...
mas tudo isso é muito inflacionado
e a vida pede outras coisas
usar o mundo
aquele do dado diverso e múltiplo
que eu recorto
e o meu 
é sempre o da tamanha tragédia
da minha ilusão
meu sentimento de salvação
minha consolação naquelas águas
que refletem o céu
e não passam de pinceladas...
não há ninguém ali,
são barcos soltos
no lago calmo
ao ir, não gostaria de estar só
passaria pela ponte
ergueria a vela...mas só
seria muito chato
passear, 
no mais está lindo,
o sol se põe e eu posso ver daqui
há sonhos, projetos, estudos,
tantas coisas por fazer,
tantas línguas e teorias e egos
para ver e aprender...
não há nada errado,
sou só eu compadecendo...

"O homem anseia ser amado, ou, o que dá no mesmo, anseia
ser compadecido."
Miguel de Unamuno - Do sentimento trágico da vida

terça-feira, setembro 16, 2014

sem palavras
projetos que se tornam papel
são mais importantes
enfim
teorias
daqueles que fazem
fenomenologia
e no fim dizem que estão
fazendo ontologia
as necessidades
o belo, a angústia
a autenticidade
voltemos, individuação.
Afetos, ah tá, vou vê-los
este semestre
na teoria moral
de Hume.
E na poesia
que não abro mão...
o belo me salva.
e daí?
vai pra aula Sâmara.............................................
Decerto meu deserto
ahhhhhhhhhhhh
pra que se lo lleve el viento....
que tengo yo en mi soledad...
a punto, a punto...
empezar y acabar...
pa mi corazón, pa mi piensamiento...
no sé, no sé..



quinta-feira, setembro 11, 2014

Muriel

Às vezes se te lembras procurava-te
retinha-te esgotava-te e se te não perdia
era só por haver-te já perdido ao encontrar-te
Nada no fundo tinha que dizer-te
e para ver-te verdadeiramente
e na tua visão me comprazer
indispensável era evitar ter-te
Era tudo tão simples quando te esperava
tão disponível como então eu estava
Mas hoje há os papéis há as voltas dar
há gente à minha volta há a gravata
Misturei muitas coisas com a tua imagem
Tu és a mesma mas nem imaginas
como mudou aquele que te esperava
Tu sabes como era se soubesses como é
Numa vida tão curta mudei tanto
que é com certo espanto que no espelho da manhã
distraído diviso a cara que me resta
depois de tudo quanto o tempo me levou
Eu tinha uma cidade tinha o nome de Madrid
havia as ruas as pessoas o anonimato
os bares os cinemas os museus
um dia vi-te e desde então Madrid
se porventura tem ainda para mim sentido
é ser solidão que te rodeia a ti
Mas o preço que pago por te ter
é ter-te apenas quanto poder ver-te
e ao ver-te saber que vou deixar de ver-te
Sou muito pobre tenho só por mim
no meio destas ruas e do pão e dos jornais
este sol de Janeiro e alguns amigos mais
Mesmo agora te vejo e mesmo ao ver-te não te vejo
pois sei que dentro em pouco deixarei de ver-te
Eu aprendi a ver a minha infância
vim a saber mais tarde a importância desse verbo para os gregos
e penso que se Bach hoje nascesse
em vez de ter composto aquele prelúdio e fuga em ré maior
que esta mesma tarde num concerto ouvi
teria concebido aqueles sweet hunters
que esta noite vi no cinema Rosales
Vejo-te agora vi-te ontem e anteontem
E penso que se nunca a bem dizer te vejo
se fosse além de ver-te sem remédio te perdia
Mas eu dizia que te via aqui e acolá
e quando te não via dependia
do momento marcado para ver-te
Eu chegava primeiro e tinha de esperar-te
e antes de chegares já lá estavas
naquele preciso sítio combinado
onde sempre chegavas sempre tarde
ainda que antes mesmo de chegares lá estivesses
se ausente mais presente pela expectativa
por isso mais te via do que ao ter-te à minha frente
Mas sabia e sei que um dia não virás
que até duvidarei se tu estiveste onde estiveste
ou até se exististe ou se eu mesmo existi
pois na dúvida tenho a única certeza
Terá mesmo existido o sítio onde estivemos?
Aquela hora certa aquele lugar?
À força de o pensar penso que não
Na melhor das hipóteses estou longe
qualquer de nós terá talvez morrido
No fundo quem nos visse àquela hora
à saída do metro de Serrano
sensivelmente em frente daquele bar
poderia pensar que éramos reais
pontos materiais de referência
como as árvores ou os candeeiros
Talvez pensasse que naqueles encontros
em que talvez no fundo procurássemos
o encontro profundo com nós mesmos
haveria entre nós um verdadeiro encontro
como o que apenas temos nos encontros
que vemos entre os outros onde só afinal somos felizes
Isso era por exemplo o que me acontecia
quando há anos nas manhãs de Roma
entre os pinheiros ainda indecisos
do meu perdido parque de Villa Borghese
eu via essa mulher e esse homem
que naqueles encontros pontuais
Decerto não seriam tão felizes como neles eu
pois a felicidade para nós possível
é sempre a que sonhamos que há nos outros
Até que certo dia não sei bem
Ou não passei por lá ou eles não foram
nunca mais foram nunca mais passei por lá
Passamos como tudo sem remédio passa
e um dia decerto mesmo duvidamos
dia não tão distante como nós pensamos
se estivemos ali se Madrid existiu
Se portanto chegares tu primeiro porventura
alguma vez daqui a alguns anos
junto de Califórnia Vinte e Um
que não te admires se olhares e me não vires
Estarei longe talvez tenha envelhecido
Terei até talvez mesmo morrido
Não te deixes ficar sequer à minha espera
não telefones não marques o número
ele terá mudado a casa será outra
Nada penses ou faças vai-te embora
tu serás nessa altura jovem como agora
tu serás sempre a mesma fresca jovem pura
que alaga de luz todos os olhos
que exibe o sossego dos antigos templos
e que resiste ao tempo como a pedra
que vê passar os dias um por um
que contempla a sucessão de escuridão e luz
e assiste ao assalto pelo sol
daquele poder que pertencia à lua
que transfigura em luxo o próprio lixo
que tão de leve vive que nem dão por ela
as parcas implacáveis para os outros
que embora tudo mude nunca muda
ou se mudar que se não lembre de morrer
ou que enfim morra mas que não me desiluda
Dizia que ao chegar se olhares e não me vires
nada penses ou faças vai-te embora
eu não te faço falta e não tem sentido
esperares por quem talvez tenha morrido
ou nem sequer talvez tenha existido


Ruy Belo

terça-feira, setembro 09, 2014

Devaneio

Devemos refletir sempre 
se nossos conceitos 
se adaptam ao mundo ou não. 

Conceitos generalizam sentimentos, Sâmara!
sim! o seu subjetivo vira objetivo...
kkkkkk porra nenhuma...só tenta...
mas o link informacional...o peito, é meu....
ah quem liga...se eu sinto, é pq outros também sentem,
ou poderiam sentir...só que não...kkkk

ok, ok

Rever e monitorar se as nossas experiências internas 
correspondem ao mundo.
Pq  vamos fazer isto?
Ora, pq sabemos que podemos estar errados!  
Simmmmmm, podemos estar errados!
Neste caso é necessário sempre monitorar a
 convergência de nossas expectativas com o que está no mundo. 
(a partir da leitura de McDowell)
Bom, mas passando pra outros autores....
proposições metafísicas como Deus é infinito. Eu amo o Belo., o amor que há em
mim....
Ou simplesmente, eu penso que poderia amar...

_Oh! não obrigado! Teorias inflacionadas metafisicamente!!!

Alerta! Alerta!

Proposição sem sentido, contrasenso, pseudo proposição...
Mas será que tudo é verificável? afigurado?
Afinal a ciência não toca em nada dos problemas de nossas vidas com todas
suas respostas.... (Wittgenstein)

 E parece que não..
ah, bora dormir...sem metafísica.

domingo, setembro 07, 2014

ah coração
andas suspirando
paixão
ui! não era pra fazer isso não?
aspira no fundo
bater com razão?
ah pouca sedução
ok
espera não agita
tanto
harmoniza
faz da alma
teu sim, teu não
sim, sim, sim
eu cuido do vermelho
pulsar
vivo, vivo, vivo
quero sem medo
volta, mira!
olha pra dentro
e não faz confusão
eu te escuto
segue no peito
ardendo
é assim,
não esquenta não!
tchau e tun, tunm
tun, tun, tun
tun...
......
......
....................

sábado, setembro 06, 2014

Salivo

Transpondo um rio 
eu sinto o fluir 
o passar
talvez seja isso
quando do desejar um pouco
do infinito
da densidade destas águas
finitamente impossível
há o outro lado da margem
eu atravessarei
todo
turvas, claras, redemoinhos vários
eu sei que há águas calmas...
metendo-me no meu habitual
mergulho ridículo
por tamanha falta de ar
farei-me líquida
despejando no meio 
pra ver o fundo
o nada com causa 
não paro
a nadar, nadar, nadar
volto pro mar
não fugirei de fruir me nas ondas
e acabarei por beber-me
no sem fim
que pede meu esquecimento
para  que volte a ter sede
e salive outra vez
Engolida pelo azul
do céu e das águas.

Inefável

Nada há que me domine e que me vença
Quando a minh'alma mudamente acorda...
Ela rebenta em flor, ela transborda
Nos alvoroços da emoção imensa.

Sou como um Réu de celestial Sentença,
Condenado do Amor, que se recorda
Do Amor e sempre no Silêncio borda
D'estrelas todo o céu em que erra e pensa.

Claros, meus olhos tornam-se mais claros
E tudo vejo dos encantos raros
E de outra mais serenas madrugadas!

todas as vozes que procuro e chamo
Ouço-as dentro de mim, porque eu as amo
Na minh'alma volteando arrebatadas.

Cruz e Sousa