sábado, setembro 06, 2014

Salivo

Transpondo um rio 
eu sinto o fluir 
o passar
talvez seja isso
quando do desejar um pouco
do infinito
da densidade destas águas
finitamente impossível
há o outro lado da margem
eu atravessarei
todo
turvas, claras, redemoinhos vários
eu sei que há águas calmas...
metendo-me no meu habitual
mergulho ridículo
por tamanha falta de ar
farei-me líquida
despejando no meio 
pra ver o fundo
o nada com causa 
não paro
a nadar, nadar, nadar
volto pro mar
não fugirei de fruir me nas ondas
e acabarei por beber-me
no sem fim
que pede meu esquecimento
para  que volte a ter sede
e salive outra vez
Engolida pelo azul
do céu e das águas.