Qual a relação de uma razão e uma ação?
a razão explica a ação?
a razão para Davidson racionaliza a ação
vai defender que a razão é uma espécie de explicação causal
uma razão racionaliza a ação de acordo com a intenção do agente
quais eram os seus interesses
uma palavra importante: atitude
traços que podem se revelar durante toda uma vida
mas, tbm as efêmeras em ações singulares
dar razão é nomear uma atitude favorável
ou crença relacionada, ou ambos,
recebendo o nome de razão primária
a razão primária para uma ação é sua causa
há ações que sabemos e damos razões para estas
e há outras que não temos razões
nenhuma razão que não
pudesse ser inferida do fato de a ação ter sido intencional; nenhuma razão, por
outras palavras, além de querer realizá-la. p.3
toda ação tem uma desejabilidade característica, como Anscombe diz
o padrão de justificação fornece as razões, a explicação exigida
mas, não se segue que a explicação não seja também causal
a racionalização como uma espécie de explicação causal
a justificação é uma propriedade diferenciadora (?)
o agente pode dar razões que não sejam as reais
mas continua tendo razão
queremos interpretar sempre nossas ações atribuindo razões para estas
descobrir a razão é descobrir o sentido de uma ação
as razões sendo crenças e atitudes certamente não são iguais a ações
mas são redescritos em termos de suas causas
uma razão primária para uma ação é a sua causa
Melden, por exemplo, diz
que as ações são freqüentemente idênticas aos movimentos corporais, e que estes
têm causas; no entanto, nega que estas sejam causas das ações. Isto é, penso,
uma contradição. Melden é levado a isto pelo seguinte tipo de consideração: “É
fútil tentar explicar a conduta através da eficácia causal de um desejo — tudo
que isso pode explicar são outros
acontecimentos, e não ações realizadas por agentes. O agente confrontando o
nexo causal em que tais acontecimentos ocorrem é uma vítima indefesa de tudo
que acontece nele e com ele” (Melden, 1961, pp. 128-129).
Citado por DAvidson, claro
Existe um agente ou não?
sábado, setembro 26, 2015
segunda-feira, setembro 21, 2015
Cântico negro
"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!
José
Régio
"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!
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