sábado, abril 29, 2023

Não sou civilizada

As montanhas amarelas e com pontos de luz

O rio azul

Eu a fugir de todos os homens e mulheres

Sinto me atacada todas as vezes que estou com alguém 

Mesmo estranhos estão sempre a dizer merdas a meu lado

Dou o desconto de serem portugueses 

Mas penso que é assim por todo lado

Eu não me acolho entre os homens

Querem me devorar 

E eu fujo 

Poderia ter ido ao jantar 

Mas não poderia abrir a boca por que te impedem

De falar

Eu nasci no Brasil e isso nunca irá mudar

E as pessoas não parecem apreciar isso por aqui

Quando o fazem é sempre esperando eu sambar 

Ou rebolar a minha bunda

E já estou cansada disso

Fui me meter em meio de homens brancos 

Que se quer gostam de mulheres

Muito menos a pensar Aristóteles 

Cala-te

Ou simplesmente

Não abras tua boca

Por que não querem te ouvir

És alguma tola que atravessa mares

Cala-te

Não sabes jogar

O brasileiro provavelmente tem caso com o Português 

Poderoso

E ele permite que este fale para depois mostrar que não é bom

Tu não tens casos com ninguém 

Estás só 

E te dão as costas no café 

E depois te convidam pra jantar os grandes

Mas é provavelmente pra te devorar

Não faz alianças e andas só 

Não sabe ser política 

E nem quer 

Vê a falsidade do austríaco que parece mais alemão 

Só que em má forma

Prazer em te conhecer

E nada a pessoa não responde nada

Que horror 

Onde fui me meter

E depois pede desculpas 

Não me reconheceu 

Não me reconheceu 

O português poderoso a dizer aos cochichos

Mas a meu lado

Que espera que as pessoas sejam civilizadas

Por estarmos na sala Pedro V, não havia nada especial ali

Mais uma imagem de preconceito e péssimo ambiente

O secretário a dizer sobre o Pedro V quando eu entro na sala

Que o tal príncipe não gostava de mulheres 

Eu já sabia que era pra mim

E por isso já não sentei ao lado dele 

Já que nem deixava que eu visse os oradores

Seus movimentos era pra tapá-los e que eu não os visse

Impossível 

Todos me viram

Quando abri a boca o poderoso

Disse que não queria conversas cruzadas

Ou seja pra abrir a boca

Eu tinha de pedir permissão e não o fiz

No fim 

Os espanhóis a me chamar pra juntar com eles

E eu com medo disse que eram muito famosos e eu apenas

Estudante

Me perguntaram de onde vim

Falei do Porto e da Sofia

E despedimos a agradecer

Era um lindo grupo de filósofos 

Um dia eu vou encontrar pessoas lindas

Como aquelas novamente 

Afinal minha simpatia pela Espanha

Nunca foi em vão

Mas se eu fosse pra alguma universidade de lá 

As coisas seriam desérticas 

Disse ao motherfucker austríaco que parecia

Simpático pelo zoom

Mas está obcecado pelo jogo e assim se percebe como

Cada um joga

A política como arte de fazer alianças 

Não contigo Sâmara 

Disse a ele que estou aqui mas vou subir 

Adeus

Só pra ele calar aquela boca inchada

De veneno.

E estou a me envenenar no meio disso

Tudo

E sinto-me cada vez mais

Delusional.

Não sou civilizada o suficiente 

Pra ser política

Nunca fui de grupos

Os homens sempre tem algum interesse 

Ou desinteresse 

Cansei de lutar com homens lembra?

Também não vou buscar mulheres pra juntar

Forças 

To bem cansada do game,

Vou subir.