eu não sei já não quero sair de casa, estou segura a proteger minha paz
na torre
sinto que minha cara diz que não estou muito satisfeita com sei lá o que
ontem não quis ver meus amigos
enfim, da última vez quase tive coma alcoólico
e agora que já sei meu diagnóstico poderia avisar a todos
eles
e simplesmente não quero vê-los
uma roubou meu cachecol predileto de veludo verde
e queria que eu saísse do banheiro, foi quando eu vi a biles
estou deprimida de novo do nada
quero revisar e escrever sobre imaginação e não consigo
sinto-me pesada
fiz uma make pra tapar a minha cara e nem assim consigo disfarçar
amanhã vou pra Évora
espero que possa dizer do Brentano, Husserl, Heidegger, Ponty
e Ari, todos juntos, pareço já ter um fio
estou mesmo a ser megalomaníaca
as duas apresentações possuem mais de 30 slides
amanhã pretendo tratar disso em Évora
não tenho cabeça no Porto hoje
e estou no Starbucks, o cara que vai malhar também às
22.30 pm está aqui
não quero tomar a quetiapina
e talvez eu precisasse
tem fumaça que veio de incêndios do Canadá no céu
o calor vem com força
eu queria tentar caminhar alguns dias até Compostela
no caminho primitivo com
o Daniel
mas desisti
não vou queimar-me nas montanhas da Espanha
antes de congelar-me
enfim, queria
mas não vou
vejo o Esteves apresentar sempre a mesma coisa
a passear pelo mundo
eu não sei do amanhã
sinto-me perdida again
já esqueci dos corpos
não desejo nada
vejo os homens com camisa de linho branco
pra mim nenhum deles gostam de mulher
de mim
eu sou uma pessoa má que só sei julgar
o que eu penso, foi o que outros pensaram
nunca criei nada
sinto-me como fumaça que passa no céu do Porto
e vai sendo levada com o vento
essência todas as generalizações?
a minha cabeça pesa no meu corpo
dói me a fronte
a alma
e eu nem sei porque.