Acusam-me de sair em fuga
e não querer lutar mais, as tais posições
fiquem com todas
claro, isso é um túnel em que se sai 10 anos mais velho
sair com a boca fechada
vermelha
acompanhada de solidão
de olhares apagados em cinzas e mofo
Acusam-me, estrangeira
E todas as coisas, cadeiras, mesas, livros, camas
que medo eles tem de perdê-las
ando e sento-me, vejo a miragem, o rio e o mar
nada disso é meu, nem seu
entre poças e nevoeiros, o horizonte é outro lugar para ir, batem as portas
sobre o meu destino não tumultuam,
desejam que eu não seja
tiro minhas mãos dos bolsos e mostro-os
que não tenho nada para levar
o que aprendi levo comigo
de onde vim, não quero saber, desamor, desencanto
pra onde vim, o reino do pensamento com piedosos e sagrados corações
santos
sem saber do que será
assustada seguirei, de um modo similar como cheguei
e quando a pensar sobre aqueles que me disseram
viver sobre o reino dos pensamentos
eu já não viverei no mesmo lugar
quebrados criavam o próprio reino (o do pensamento) pensando que a vida era má
franziam a cara, esfumaçavam o ar, nem fingiam ser alegres
mofavam, alegres não podiam estar
toda a arte que é de pedra pesa demais, mas aqui não conseguem
limar como os corpos de Vigeland
vejo blocos de pedra ora que são anjos que dormem na pedra, são chuva
e tristes, irei lembrar
seguirei para o reino mágico, a utopia meu lar
e passará o reino dos mesmos pensamentos
todo o pensamento húmido, envelhecido, deteriorado
do
reino será passado
e estrangeira ressuscitada
e eu vou rir e cantar, lembrar em silêncio do desprezo em cinzas
adubada
revirarei a terra do meu jardim
de girassóis.