quarta-feira, dezembro 13, 2023

Meu jardim de girassóis

Acusam-me de sair em fuga

e não querer lutar mais, as tais posições

fiquem com todas 

claro, isso é um túnel em que se sai 10 anos mais velho

sair com a boca fechada

vermelha

acompanhada de solidão

de olhares apagados em cinzas e mofo

Acusam-me, estrangeira

E todas as coisas, cadeiras, mesas, livros, camas

que medo eles tem de perdê-las

ando e sento-me, vejo a miragem, o rio e o mar

nada disso é meu, nem seu

entre poças e nevoeiros, o horizonte é outro lugar para ir, batem as portas

sobre o meu destino não tumultuam, 

desejam que eu não seja 

tiro minhas mãos dos bolsos e mostro-os

que não tenho nada para levar

o que aprendi levo comigo

de onde vim, não quero saber, desamor, desencanto

pra onde vim, o reino do pensamento com piedosos e sagrados corações

santos

sem saber do que será 

assustada seguirei, de um modo similar como cheguei

e quando a pensar sobre aqueles que me disseram

viver sobre o reino dos pensamentos

eu já não viverei no mesmo lugar

quebrados criavam o próprio reino (o do pensamento) pensando que a vida era má

franziam a cara, esfumaçavam o ar, nem fingiam ser alegres 

mofavam, alegres não podiam estar

toda a arte que é de pedra pesa demais, mas aqui não conseguem

limar como os corpos de Vigeland

vejo blocos de pedra ora que são anjos que dormem na pedra, são chuva

e tristes, irei lembrar

seguirei para o reino mágico, a utopia meu lar

e passará o reino dos mesmos pensamentos

todo o pensamento húmido, envelhecido, deteriorado

do

reino será passado

e estrangeira ressuscitada 

e eu vou rir e cantar, lembrar em silêncio do desprezo em cinzas

adubada

 revirarei a terra do meu jardim

de girassóis.