I see Vênus e Júpiter
lado a lado
eu antes via só um
agora vejo dois
não me afogarei no Tejo
terei o Natal e Reveillon
vinho, vinho, vinho
a roseira se iluminou quando parei diante
a luz acendeu!
eu tomei um susto
algumas pétalas já estavam no chão
I see
rose, is rose, is rose, is rose...
comi pêssegos com castanhas
e não pareço mais doente de amor...
pareço feliz
mudarei daqui
Vênus e Júpiter da cama pela janela...
não sei mais
eu luneta, eu astronauta,
eu chega daqui
eu mudar
e levar todas as imagens comigo.
terça-feira, junho 30, 2015
quarta-feira, junho 24, 2015
What you see?
Qual o conceito daquela roseira branca entre o dia e a noite,
naquela luz que se esvai
e ali permanece, todos sabem, aquelas rosas serão brancas durante a noite
ela é uma obra de arte?
ela é beleza?
ela é uma planta?
ela é simplesmente uma roseira branca...
What is you see?
Is what you see?
what you see is what you get?
Eu já sei a diferença entre textos e a vida
eu sei do espanto quando se vê o sol que se põe todos os dias
o espelho na lagoa do céu, as cores sem conceitos, aquilo é rosa? aquilo é lilás?
os pássaros voando em círculo perto da ilha
antes disso à margem...
eu sei da dor e da chama em cada homem
eu fico muda com a dor nos rostos..
é de não saber de onde, pra onde, nem pra quê...
é de construir pedra sobre pedra sem saber de nada...
eu sei do amor que se sonha
eu sei dos sonhos, das montanhas de tantos países
dos verdes espalhados pelo mundo
de uns céus mais cinzas e altos que outros..
eu sei da filosofia contemporânea que é feita nos EUA
eu sei que este quarto não será mais meu
e eu sei que esta cidade tampouco é minha...
e ontem no café olhando o passeio do centro da cidade,
os que passavam, eu pelo vidro olhava e pensei: aqui pareço pertencer,
mas não pertenço!
e quando estiver em Porto sentirei o não pertencimento...
e eu sei que não tenho raízes
e sei olhar pra rosa e ver sua indiferente beleza a olhar pra mim.
naquela luz que se esvai
e ali permanece, todos sabem, aquelas rosas serão brancas durante a noite
ela é uma obra de arte?
ela é beleza?
ela é uma planta?
ela é simplesmente uma roseira branca...
What is you see?
Is what you see?
what you see is what you get?
Eu já sei a diferença entre textos e a vida
eu sei do espanto quando se vê o sol que se põe todos os dias
o espelho na lagoa do céu, as cores sem conceitos, aquilo é rosa? aquilo é lilás?
os pássaros voando em círculo perto da ilha
antes disso à margem...
eu sei da dor e da chama em cada homem
eu fico muda com a dor nos rostos..
é de não saber de onde, pra onde, nem pra quê...
é de construir pedra sobre pedra sem saber de nada...
eu sei do amor que se sonha
eu sei dos sonhos, das montanhas de tantos países
dos verdes espalhados pelo mundo
de uns céus mais cinzas e altos que outros..
eu sei da filosofia contemporânea que é feita nos EUA
eu sei que este quarto não será mais meu
e eu sei que esta cidade tampouco é minha...
e ontem no café olhando o passeio do centro da cidade,
os que passavam, eu pelo vidro olhava e pensei: aqui pareço pertencer,
mas não pertenço!
e quando estiver em Porto sentirei o não pertencimento...
e eu sei que não tenho raízes
e sei olhar pra rosa e ver sua indiferente beleza a olhar pra mim.
sábado, junho 20, 2015
Os Três Mal-Amados
João Cabral de Melo Neto
Joaquim:
O amor comeu meu nome, minha identidade,
meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O
amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera
meu nome.
O amor comeu minhas roupas, meus lenços,
minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus
ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura,
meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.
O amor comeu meus remédios, minhas
receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus
raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.
O amor comeu na estante todos os meus
livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no
dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.
Faminto, o amor devorou os utensílios de
meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor
devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o
aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.
O amor comeu as frutas postas sobre a
mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido.
Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.
O amor voltou para comer os papéis onde
irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.
O amor roeu minha infância, de dedos
sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino
esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua
chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que
tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.
O amor comeu meu Estado e minha cidade.
Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas
duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados
pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de
cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não
saber falar delas em verso.
O amor comeu até os dias ainda não
anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as
linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande
poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.
O amor comeu minha paz e minha guerra.
Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de
cabeça, meu medo da morte.
As falas do personagem Joaquim foram extraídas da poesia "Os Três Mal-Amados", constante do livro "João Cabral de Melo Neto - Obras Completas", Editora Nova Aguilar S.A. - Rio de Janeiro, 1994, pág.59.
quinta-feira, junho 11, 2015
Llagas de amor
Esta luz, este fuego que devora.
Este paisaje gris que me rodea.
Este dolor por una sola idea.
Esta angustia de cielo, mundo y hora.
Este llanto de sangre que decora
lira sin pulso ya, lúbrica tea.
Este peso del mar que me golpea.
Este alacrán que por mi pecho mora.
Son guirnaldas de amor, cama de herido,
donde sin sueño, sueño tu presencia
entre las ruinas de mi pecho hundido.
Y aunque busco la cumbre de prudencia
me da tu corazón valle tendido
con cicuta y pasión de amarga ciencia.
Federico García Lorca
Este paisaje gris que me rodea.
Este dolor por una sola idea.
Esta angustia de cielo, mundo y hora.
Este llanto de sangre que decora
lira sin pulso ya, lúbrica tea.
Este peso del mar que me golpea.
Este alacrán que por mi pecho mora.
Son guirnaldas de amor, cama de herido,
donde sin sueño, sueño tu presencia
entre las ruinas de mi pecho hundido.
Y aunque busco la cumbre de prudencia
me da tu corazón valle tendido
con cicuta y pasión de amarga ciencia.
Federico García Lorca
quarta-feira, junho 10, 2015
Hilda
Que canto há de cantar o que perdura?
A sombra, o sonho, o labirinto, o caos
A vertigem de ser, a asa, o grito.
Que mitos, meu amor, entre os lençóis:
O que tu pensas gozo é tão finito
E o que pensas amor é muito mais.
Como cobrir-te de pássaros e plumas
E ao mesmo tempo te dizer adeus
Porque imperfeito és carne e perecível
E o que eu desejo é luz e imaterial.
Que canto há de cantar o indefinível?
O toque sem tocar, o olhar sem ver
A alma, amor, entrelaçada dos indescritíveis.
Como te amar, sem nunca merecer?
A sombra, o sonho, o labirinto, o caos
A vertigem de ser, a asa, o grito.
Que mitos, meu amor, entre os lençóis:
O que tu pensas gozo é tão finito
E o que pensas amor é muito mais.
Como cobrir-te de pássaros e plumas
E ao mesmo tempo te dizer adeus
Porque imperfeito és carne e perecível
E o que eu desejo é luz e imaterial.
Que canto há de cantar o indefinível?
O toque sem tocar, o olhar sem ver
A alma, amor, entrelaçada dos indescritíveis.
Como te amar, sem nunca merecer?
©Hilda Hilst
In Da noite, 1992
terça-feira, junho 09, 2015
Erosqueleto
meus dedos caminharão em seu corpo lentamente
depois disso darei um mergulho em sua boca
sabendo da impossibilidade de entrar em ti
com a língua
será tua vez de encher-me com sua carne
possuída
depois disso irei para o meu Porto
e só,
talvez sinta falta do teu corpo,
não será possível inventarmos amor
já que sabemos o que nos espera
nosso fim esqueleto.
Inventa a ressurreição! Profetiza alma minha, diga as palavras de vida ao pé do meu
ouvido
é preciso crer, é preciso crer!
Amor, amor, ressuscita o morto! Vida, vida, vida
Para que volte a gozar e amar!
Poema erótico imaginário
Quero fazer um poema erótico
sem corpo
um corpo imaginário
sensações imaginárias
enfim, tudo se fazerá
e será inventado.
A pele que trará arrepios
os beijos que não terão fim
o abraço que de tão bom doerá
e depois desse poema
imaginário
eu vou dormir
já é 00:02
sem corpo
um corpo imaginário
sensações imaginárias
enfim, tudo se fazerá
e será inventado.
A pele que trará arrepios
os beijos que não terão fim
o abraço que de tão bom doerá
e depois desse poema
imaginário
eu vou dormir
já é 00:02
domingo, junho 07, 2015
O RIO DA POSSE
Que somos todos diferentes, é um axioma da nossa naturalidade. Só nos parecemos de longe, na proporção, portanto, em que não somos nós. A vida é, por isso, para os indefinidos; só podem conviver os que nunca se definem, e são, um e outro, ninguéns.
Cada um de nós é dois, e quando duas pessoas se encontram, se aproximam, se ligam, é raro que as quatro possam estar de acordo.
O homem que sonha em cada homem que age, se tantas vezes se malquista com o homem que age, como não se malquistará com o homem que age e o homem que sonha no Outro.
Somos forças porque somos vidas. Cada um de nós tende para si próprio com escala pelos outros. Se temos por nós mesmos o respeito de nos acharmos interessantes, (...) Toda a aproximação é um conflito. O outro é sempre o obstáculo para quem procura. Só quem não procura é feliz; porque só quem não busca encontra, visto que quem não procura já tem, e já ter, seja o que for, é ser feliz (como não pensar é a parte melhor, de ser rico).
Olho para ti, dentro de mim, noiva suposta, e já nos desavimos antes de existires. O meu hábito de sonhar claro dá-me uma noção justa da realidade. Quem sonha demais precisa de dar realidade ao sonho. Quem dá realidade ao sonho tem que dar ao sonho o equilíbrio da realidade. Quem dá ao sonho o equilíbrio da realidade, sofre da realidade de sonhar tanto como da realidade da vida (e do irreal do sonho com o de sentir a vida irreal).
Estou-te esperando, em devaneio, no nosso quarto com duas portas, e sonho-te vindo e no meu sonho entras até mim pela porta da direita; se, quando entras, entras pela porta da esquerda, há já uma diferença entre ti e o meu sonho. Toda a tragédia humana está neste pequeno exemplo de como aqueles com quem pensamos nunca são aqueles em quem pensamos.
O amor perde identidade na diferença, o que é impossível já na lógica, quanto mais no mundo. O amor quer possuir, quer tornar seu o que tem de ficar fora para ele saber que só torna seu se não é. Amar é entregar-se. Quanto maior a entrega, maior o amor. Mas a entrega total entrega também a consciência do outro. O amor maior é por isso a morte, ou o esquecimento, ou a renúncia — os amores todos que são os absurdiandos do amor.
No terraço antigo do palácio, alçado sobre o mar, meditaremos em silêncio a diferença entre nós. Eu era príncipe e tu princesa, no terraço à beira do mar. O nosso amor nascera do nosso encontro, como a beleza se criou do encontro da Lua com as águas.
O amor quer a posse, mas não sabe o que é a posse. Se eu não sou meu, como serei teu, ou tu minha? Se não possuo o meu próprio ser, como possuirei um ser alheio? Se sou já diferente daquele de quem sou idêntico, como serei idêntico daquele de quem sou diferente.
O amor é um misticismo que quer praticar-se, uma impossibilidade que só é sonhada como devendo ser realizada.
Metafísico. Mas toda a vida é uma metafísica às escuras, com um rumor de deuses e o desconhecimento da rota como única via.
A pior astúcia comigo da minha decadência é o meu amor à saúde e à claridade. Achei sempre que um corpo belo e o ritmo feliz de um andar jovem tinham mais competência no mundo que todos os sonhos que há em mim. E com uma alegria da velhice pelo espírito que sigo às vezes — sem inveja nem desejo — os pares casuais que a tarde junta e caminham braço com braço para a consciência inconsciente da juventude. Gozo-os como gozo uma verdade, sem que pense se me diz ou não respeito. Se os comparo a mim, continuo gozando-os, mas como quem goza uma verdade que o fere, juntando à dor da ferida a consciência de ter compreendido os deuses.
Sou o contrário dos espiritualistas simbolistas, para quem todo o ser, e todo o acontecimento, é a sombra de uma realidade de que é a sombra apenas. Cada coisa, para mim, é, em vez de um ponto de chegada, um ponto de partida. Para o ocultista tudo acaba em tudo; tudo começa em tudo para mim.
Procedo, como eles, por analogia e sugestão, mas o jardim pequeno que lhes sugere a ordem e a beleza da alma, a mim não lembra mais que o jardim maior onde possa ser, longe dos homens, feliz a vida que o não pode ser. Cada coisa sugere-me não a realidade de que é a sombra, mas a realidade para que é o caminho.
O jardim da Estrela, à tarde, é para mim a sugestão de um parque antigo, nos séculos antes do descontentamento da alma.
Que somos todos diferentes, é um axioma da nossa naturalidade. Só nos parecemos de longe, na proporção, portanto, em que não somos nós. A vida é, por isso, para os indefinidos; só podem conviver os que nunca se definem, e são, um e outro, ninguéns.
Cada um de nós é dois, e quando duas pessoas se encontram, se aproximam, se ligam, é raro que as quatro possam estar de acordo.
O homem que sonha em cada homem que age, se tantas vezes se malquista com o homem que age, como não se malquistará com o homem que age e o homem que sonha no Outro.
Somos forças porque somos vidas. Cada um de nós tende para si próprio com escala pelos outros. Se temos por nós mesmos o respeito de nos acharmos interessantes, (...) Toda a aproximação é um conflito. O outro é sempre o obstáculo para quem procura. Só quem não procura é feliz; porque só quem não busca encontra, visto que quem não procura já tem, e já ter, seja o que for, é ser feliz (como não pensar é a parte melhor, de ser rico).
Olho para ti, dentro de mim, noiva suposta, e já nos desavimos antes de existires. O meu hábito de sonhar claro dá-me uma noção justa da realidade. Quem sonha demais precisa de dar realidade ao sonho. Quem dá realidade ao sonho tem que dar ao sonho o equilíbrio da realidade. Quem dá ao sonho o equilíbrio da realidade, sofre da realidade de sonhar tanto como da realidade da vida (e do irreal do sonho com o de sentir a vida irreal).
Estou-te esperando, em devaneio, no nosso quarto com duas portas, e sonho-te vindo e no meu sonho entras até mim pela porta da direita; se, quando entras, entras pela porta da esquerda, há já uma diferença entre ti e o meu sonho. Toda a tragédia humana está neste pequeno exemplo de como aqueles com quem pensamos nunca são aqueles em quem pensamos.
O amor perde identidade na diferença, o que é impossível já na lógica, quanto mais no mundo. O amor quer possuir, quer tornar seu o que tem de ficar fora para ele saber que só torna seu se não é. Amar é entregar-se. Quanto maior a entrega, maior o amor. Mas a entrega total entrega também a consciência do outro. O amor maior é por isso a morte, ou o esquecimento, ou a renúncia — os amores todos que são os absurdiandos do amor.
No terraço antigo do palácio, alçado sobre o mar, meditaremos em silêncio a diferença entre nós. Eu era príncipe e tu princesa, no terraço à beira do mar. O nosso amor nascera do nosso encontro, como a beleza se criou do encontro da Lua com as águas.
O amor quer a posse, mas não sabe o que é a posse. Se eu não sou meu, como serei teu, ou tu minha? Se não possuo o meu próprio ser, como possuirei um ser alheio? Se sou já diferente daquele de quem sou idêntico, como serei idêntico daquele de quem sou diferente.
O amor é um misticismo que quer praticar-se, uma impossibilidade que só é sonhada como devendo ser realizada.
Metafísico. Mas toda a vida é uma metafísica às escuras, com um rumor de deuses e o desconhecimento da rota como única via.
A pior astúcia comigo da minha decadência é o meu amor à saúde e à claridade. Achei sempre que um corpo belo e o ritmo feliz de um andar jovem tinham mais competência no mundo que todos os sonhos que há em mim. E com uma alegria da velhice pelo espírito que sigo às vezes — sem inveja nem desejo — os pares casuais que a tarde junta e caminham braço com braço para a consciência inconsciente da juventude. Gozo-os como gozo uma verdade, sem que pense se me diz ou não respeito. Se os comparo a mim, continuo gozando-os, mas como quem goza uma verdade que o fere, juntando à dor da ferida a consciência de ter compreendido os deuses.
Sou o contrário dos espiritualistas simbolistas, para quem todo o ser, e todo o acontecimento, é a sombra de uma realidade de que é a sombra apenas. Cada coisa, para mim, é, em vez de um ponto de chegada, um ponto de partida. Para o ocultista tudo acaba em tudo; tudo começa em tudo para mim.
Procedo, como eles, por analogia e sugestão, mas o jardim pequeno que lhes sugere a ordem e a beleza da alma, a mim não lembra mais que o jardim maior onde possa ser, longe dos homens, feliz a vida que o não pode ser. Cada coisa sugere-me não a realidade de que é a sombra, mas a realidade para que é o caminho.
O jardim da Estrela, à tarde, é para mim a sugestão de um parque antigo, nos séculos antes do descontentamento da alma.
s.d.
sexta-feira, junho 05, 2015
Tres retratos
con sombras
con sombras
que nunca diré,
se ha dormido en mis labios.
La canción,
que nunca diré.
Sobre las madreselvas
había una luciérnaga,
y la luna picaba
con un rayo en el agua.
Entonces yo soñé,
la canción,
que nunca diré.
Canción llena de labios
y de cauces lejanos.
Canción llena de horas
perdidas en la sombra.
Canción de estrella viva
sobre un perpetuo día.
García Lorca
Acostumada com a dor e o sonho.
Preparando para entrar no meu inverno
ao tentar entender sentimentos que por ora são inventados
mas isso nada importa, já que são verdades
preparando para saber como vou povoar o meu mundo
e senti-lo sobretudo...sobre todos
sobre mim
já sei a poesia me acalma, faz expulsar emoções estanques
a música roda o pensamento, o tira dos vícios destas emoções
a arte representando um não-sei-quê de imagens robustas
enfim, meu mundo é povoado por estas
o meu esquema, os meus sentimentos
eu vou modificando, o meu olhar, meu olho vai inchando...
ontem o esquerdo, hoje o direito
será uma luz nova?
uma sexta na qual seletivamente meus prazeres se resumem
no desejo de fazer filosofia apenas,
escrever sobre o amor sem propriedade alguma.
Mas agora digo o que quero dizer a partir de algumas citações
seja por Proust ou Merleau-Ponty, ou cantando Janis,
ou lendo Lorca, Pessoa, Cecília..
Há uma concordância e uma paz de não desejar inventar sentimentos...ou prazeres.
Sinto a paz de uma lua cheia indiferente.
Há uma transfiguração de meu esquema corporal, atormentado ainda,
sabendo daquelas incontroláveis emoções, ou sentindo sem medo...sabendo
que são assim...
mas lutando pela modificação
agora o esquema é outro...começo a pensar em coisas que me povoava
dez anos atrás,
um tempo perdido...viver é perder tempo....
acho que esse treco de dar sentido pra vida vai caindo aos poucos...
sejam filhos, sejam amores, tudo arbitrário, inventado...
não sei, me acostumo a ficar só, sinto prazer agora, estou feliz por isto.
Isso não me parece bom numa análise, ich...me confundi...mas, me sinto melhor
em conformidade com o próprio tormento que é a vida e como significá-la.
Enfim, se vive, em família, como assim me sinto em casa, ao mesmo tempo
sei que todas estas casas não são minhas...mesmo esta que é.
Aumenta cada vez mais a minha fé em mim, sinto a obrigação de pensar em Deus que é amor.
Sim por que peço a Deus que não seja uma vida insignificante, não posso ter vindo aqui pra nada...
parece uma necessidade novamente de dar sentido, um humanismo, desprezível?
ah não sei...me confundo novamente....
Onde está o amor?
Está em mim? Acho que não.
Então como podes acreditar em ti? se não acreditas no amor?
Acredito que me amo e amo minha família, mais a mim...
Não sei, a filosofia me parece cada vez mais desprovida de paz, devido a multiplicidade
de significações possíveis que vou absorvendo,
mas fico em paz filosofando, mas é hoje
tu sabes que o conflito é saber que não se explora o mundo por textos...
ah hoje os hormônios devem ser naranjas por si mismos...estão em paz...
pareço ficar mais forte, mesmo que me veja fraca.
Sigo lutando por mim.
Pelo amor, já não sei mais. Mas se me amo, e luto por mim, luto pelo amor, certo?rsrs
Eu sou amor..rs pootz...Eu sou deus? ich....
Eu sou Sâmara, eu não sou um nome...rs
eu sou isso aqui que amo...ama? como? ah sei lá...
Enfim, acostumada com a dor e o sonho.
ao tentar entender sentimentos que por ora são inventados
mas isso nada importa, já que são verdades
preparando para saber como vou povoar o meu mundo
e senti-lo sobretudo...sobre todos
sobre mim
já sei a poesia me acalma, faz expulsar emoções estanques
a música roda o pensamento, o tira dos vícios destas emoções
a arte representando um não-sei-quê de imagens robustas
enfim, meu mundo é povoado por estas
o meu esquema, os meus sentimentos
eu vou modificando, o meu olhar, meu olho vai inchando...
ontem o esquerdo, hoje o direito
será uma luz nova?
uma sexta na qual seletivamente meus prazeres se resumem
no desejo de fazer filosofia apenas,
escrever sobre o amor sem propriedade alguma.
Mas agora digo o que quero dizer a partir de algumas citações
seja por Proust ou Merleau-Ponty, ou cantando Janis,
ou lendo Lorca, Pessoa, Cecília..
Há uma concordância e uma paz de não desejar inventar sentimentos...ou prazeres.
Sinto a paz de uma lua cheia indiferente.
Há uma transfiguração de meu esquema corporal, atormentado ainda,
sabendo daquelas incontroláveis emoções, ou sentindo sem medo...sabendo
que são assim...
mas lutando pela modificação
agora o esquema é outro...começo a pensar em coisas que me povoava
dez anos atrás,
um tempo perdido...viver é perder tempo....
acho que esse treco de dar sentido pra vida vai caindo aos poucos...
sejam filhos, sejam amores, tudo arbitrário, inventado...
não sei, me acostumo a ficar só, sinto prazer agora, estou feliz por isto.
Isso não me parece bom numa análise, ich...me confundi...mas, me sinto melhor
em conformidade com o próprio tormento que é a vida e como significá-la.
Enfim, se vive, em família, como assim me sinto em casa, ao mesmo tempo
sei que todas estas casas não são minhas...mesmo esta que é.
Aumenta cada vez mais a minha fé em mim, sinto a obrigação de pensar em Deus que é amor.
Sim por que peço a Deus que não seja uma vida insignificante, não posso ter vindo aqui pra nada...
parece uma necessidade novamente de dar sentido, um humanismo, desprezível?
ah não sei...me confundo novamente....
Onde está o amor?
Está em mim? Acho que não.
Então como podes acreditar em ti? se não acreditas no amor?
Acredito que me amo e amo minha família, mais a mim...
Não sei, a filosofia me parece cada vez mais desprovida de paz, devido a multiplicidade
de significações possíveis que vou absorvendo,
mas fico em paz filosofando, mas é hoje
tu sabes que o conflito é saber que não se explora o mundo por textos...
ah hoje os hormônios devem ser naranjas por si mismos...estão em paz...
pareço ficar mais forte, mesmo que me veja fraca.
Sigo lutando por mim.
Pelo amor, já não sei mais. Mas se me amo, e luto por mim, luto pelo amor, certo?rsrs
Eu sou amor..rs pootz...Eu sou deus? ich....
Eu sou Sâmara, eu não sou um nome...rs
eu sou isso aqui que amo...ama? como? ah sei lá...
Enfim, acostumada com a dor e o sonho.
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