Sei lá...vim aqui, saí dali..
desmoronou, o telhado foi se acabando, os fantasmas subiram...foram sugados pelo vendaval...
tantas reticências, talvez signifiquem mais que meras reticências...
Tô correndo do caos será que é isso?
Puxa logo ali é tudo tão mais calmo.. a questão não é só trabalho, é escolher onde viver..
Eu devia ter crescido mais, dois centímentros talvez, melhor três...pontinhos são reticências!
Centímentros podem mudar horizontes, mas agora já foi..O anjo bateu novamente as asas, deixando alguns destroços.. Quero um novo anjo, dá me outro, que explique-me...
Inspirado num quadro de Paul Klee chamado Angelus Novus, Walter Benjamim abre um texto famoso, palavras que diriam o que minh'alma deseja aclamar.
“Há um quadro de Klee que se chama Angelus Novus.
Representa um anjo que parece querer afastar-se de algo que ele encara fixamente.
Seus olhos estão escancarados, sua boca dilatada, suas asas abertas.
O anjo da história deve ter esse aspecto. Seu rosto está dirigido para o passado.
Onde nós vemos uma cadeia de acontecimentos, ele vê uma catástrofe única, que acumula incansavelmente ruína sobre ruína e as dispersa a nossos pés.
Ele gostaria de deter-se para acordar os mortos e juntar fragmentos. Mas uma tempestade sopra do paraíso e prende-se em suas asas com tanta força que ele não pode mais fechá-las.
Essa tempestade o impele irresistivelmente para o futuro, ao qual ele vira as costas, enquanto o amontoado de ruínas cresce até o céu. Essa tempestade é o que chamamos de progresso.”
Walter Benjamin, “Obras Escolhidas”, tradução: Sérgio Paulo Rouanet, 1994 – 7.ed. Editora Brasiliense. p.226.