Num só pasmo, busco em sobressalto.
Tardio é o tempo que se faz em falta;
onde possa encontrar o olhar, o desejo vencido ali, inteiramente acabado.
O Paraíso e todo o lume, ofuscaram-me os olhos, talvez não pudesse ver o real.
Beatriz! Beatriz! onde está você?
O conhecimento, nem razão há que explique inquietação. Divina virtude, duvida?
Tal disposição é essencial, desejos d'uma incorente.
Não sentes que poderia estar dentro? Ficas no frio, recebes o gélido luar com os ventos e não vem. Que asco, tua presença não sai. Sinto-me impelida a procurar-te, a que sítio visitas, onde possa ir ao teu encontro?
Mendigando, falas como quem sonha. Amor, revela-me teu nome e destino. Podes zombar e ocultar, já não há receio, nem entendimento..Sinto transformar, julgo-me, perco-me.
Os fatos me darão razão, enfim, a subida ao primeiro céu, quando hei de vê-lo outra vez?
Mergulho cogitando o caminho que posso percorrer, purificada darei clareza às palavras.
Alcançar o juízo sem exigir provas.
Equivoco-me, no lo sé, senhora de mim, percebo oscilar em verdade. Não consigo ver o fundo, convence-me de não estranheza. O que almejo conhecer, orienta-me os movimentos, o ânimo, toma a imagem e permanece...Possível?
Quizá..afetos flamejantes, alegria havendo em encontrá-lo, desejo de conhecer a causa...livre do meu querer.
quinta-feira, maio 19, 2011
sábado, maio 07, 2011
III - Salmos da Noite
Ó minha amante, eu quero a volúpia vermelha
Nos teus braços febris receber sobre a boca;
Minh'alma, que ao calor dos teus lábios se engelha
E morre, há de cantar perdidamente louca.
O peito, que a uma furna escura se assemelha,
De mágicos florões o teu olhar me touca;
Ao teu lábio que morde e tem mel como a abelha,
Dei toda a vida... e eterna ela seria pouca.
Ao teu olhar, oceano ora em calma ora em fúria,
Canta a minha paixão um salmo fundo e terno,
Como o ganido ao luar de uma cadela espúria...
— Salmo de tédio e dor, hausteante, negro e eterno,
E no entanto eu te sigo, ó verme da luxúria,
E no entanto eu te adoro, ó céu do meu inferno!
Alphonsus de Guimaraens
Não sei, a ressaca, preciso de inspiração parnasiana..refluir.
Eu penso, como macio está o leito, onde posso deitar-me.
Aquela luz bordô, a esbórnia, você...
Noites longas. Não sei viver no amanhecer, fujo do tempo que nasce.
Não! Eu quero! }Quero muito, eu vejo.
Parece-me tão vivo! os raios prolongados, o ângulo de incidência da luz refletida, assim desvio o olhar. Eu fujo.
Prefirir o crepúsculo da tarde ao da aurora?
Espera que no fim possa ser melhor? Na despedida...no conceber da noite.
Eis que tudo se faz dia, não havendo lugar para as sombras, tudo fica tão claro, minha alma é tomada, vai o tempo sem que eu perceba e saúda o novo.
Eu concentro no que ouço e vejo, enquanto o Sol vai surgindo, e não há ninguém no mesmo caminho que nós..é tão cedo, tão novo..
Subamos, deixemos de apressar-nos.
São vários pensamentos, já vou..
Sâmara
Nos teus braços febris receber sobre a boca;
Minh'alma, que ao calor dos teus lábios se engelha
E morre, há de cantar perdidamente louca.
O peito, que a uma furna escura se assemelha,
De mágicos florões o teu olhar me touca;
Ao teu lábio que morde e tem mel como a abelha,
Dei toda a vida... e eterna ela seria pouca.
Ao teu olhar, oceano ora em calma ora em fúria,
Canta a minha paixão um salmo fundo e terno,
Como o ganido ao luar de uma cadela espúria...
— Salmo de tédio e dor, hausteante, negro e eterno,
E no entanto eu te sigo, ó verme da luxúria,
E no entanto eu te adoro, ó céu do meu inferno!
Alphonsus de Guimaraens
Não sei, a ressaca, preciso de inspiração parnasiana..refluir.
Eu penso, como macio está o leito, onde posso deitar-me.
Aquela luz bordô, a esbórnia, você...
Noites longas. Não sei viver no amanhecer, fujo do tempo que nasce.
Não! Eu quero! }Quero muito, eu vejo.
Parece-me tão vivo! os raios prolongados, o ângulo de incidência da luz refletida, assim desvio o olhar. Eu fujo.
Prefirir o crepúsculo da tarde ao da aurora?
Espera que no fim possa ser melhor? Na despedida...no conceber da noite.
Eis que tudo se faz dia, não havendo lugar para as sombras, tudo fica tão claro, minha alma é tomada, vai o tempo sem que eu perceba e saúda o novo.
Eu concentro no que ouço e vejo, enquanto o Sol vai surgindo, e não há ninguém no mesmo caminho que nós..é tão cedo, tão novo..
Subamos, deixemos de apressar-nos.
São vários pensamentos, já vou..
Sâmara
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