Ó minha amante, eu quero a volúpia vermelha
Nos teus braços febris receber sobre a boca;
Minh'alma, que ao calor dos teus lábios se engelha
E morre, há de cantar perdidamente louca.
O peito, que a uma furna escura se assemelha,
De mágicos florões o teu olhar me touca;
Ao teu lábio que morde e tem mel como a abelha,
Dei toda a vida... e eterna ela seria pouca.
Ao teu olhar, oceano ora em calma ora em fúria,
Canta a minha paixão um salmo fundo e terno,
Como o ganido ao luar de uma cadela espúria...
— Salmo de tédio e dor, hausteante, negro e eterno,
E no entanto eu te sigo, ó verme da luxúria,
E no entanto eu te adoro, ó céu do meu inferno!
Alphonsus de Guimaraens
Não sei, a ressaca, preciso de inspiração parnasiana..refluir.
Eu penso, como macio está o leito, onde posso deitar-me.
Aquela luz bordô, a esbórnia, você...
Noites longas. Não sei viver no amanhecer, fujo do tempo que nasce.
Não! Eu quero! }Quero muito, eu vejo.
Parece-me tão vivo! os raios prolongados, o ângulo de incidência da luz refletida, assim desvio o olhar. Eu fujo.
Prefirir o crepúsculo da tarde ao da aurora?
Espera que no fim possa ser melhor? Na despedida...no conceber da noite.
Eis que tudo se faz dia, não havendo lugar para as sombras, tudo fica tão claro, minha alma é tomada, vai o tempo sem que eu perceba e saúda o novo.
Eu concentro no que ouço e vejo, enquanto o Sol vai surgindo, e não há ninguém no mesmo caminho que nós..é tão cedo, tão novo..
Subamos, deixemos de apressar-nos.
São vários pensamentos, já vou..
Sâmara