Atenta ao que é
hoje
sem mais esperar pra ser
o que se quer
e ter de fazer..e não é ter, não pode ser ter..
não deve ser ter..
Os pingos caem
como num tambor
numa goteira que foi ontem incessante
hoje foi tirar as daninhas do jardim
e limpar a casa
o limo dos azulejos
o melhor foi derreter todo o gelo
com minha água esguichando
mais tango?
o que agora depois que todos já foram embora?
ah enfim eu
que bom
vai a trilha atual, mais piegas só se fosse o
Djavan cantando
"Kremlim, Berlim, só pra te ver e poder rir
luzes, jasmim
meu coração vaso quebrado
ilusão
fugir
da fronteira de to...nem sei cantar
sedução
poder sonhar
estupidez
você arrasa em mim,
arrasou
só pra anoitecer o que é escuro
ninguém me beijou mais puro
tô lembrando de você,
uma vez...''
fugir de mim.
besteira, a Gal é feia.
ilusão, fugir de mim.
sim tem de ser Kasakow
tem de ser
o suspense que anuncia
e sim depois do pavor de ver-me só
seguirei assim
não perguntarei mais como
nem como se deve
farei tudo a meu modo
sem musos Mefistófeles
ou gozos que mais clamam do que
sobem aos céus
descendo numa manhã cinza
deprimidos depois de nos matar
não nos faremos mais companhia
já não suportamos ver tanta verdade
e mentira juntos..
Foi bom, eu soube do vão anestésico gozo
inútil
e ainda seu olho pela manhã era tão amarelo e marrom
quem dera fosse o mel que quisera lamber-te
mas virei-o todo no chão e passei nas paredes
como sempre
é tão triste não crer em mais nada
somente no Deus da minh'alma
e parece estranho pensar assim
mas não é.
Sei que mira-me a espernear
de maneira debilmente
por ser uma ingrata
e questionar a fortuna
mas não é desta
os vícios do ser
hoje não,
agradeço-te por fazer ver-me
sim, se faz presente
mesmo quando sangro
para exterminar minha acidez.
Não sei mais quais são os prazeres meus,
sei que são meus, não dos outros.
E ir rolando os acontecimentos das vidas
descritas virtualmente
tudo é tédio
menos música e tinta, os violinos
todos eles
que não mentem
e falam de si, sem ter quem os interrompa
ou não ouçam..ou nem vejam, sinta
a loucura de estar no parapeito acuada
ainda sim zombando
olhando toda a miséria humana, a tua!
Busca mais, imola-te, torna-te um sacrifício
carne ácida na noite
sua tola, com vermelho na boca e a língua insatisfeita
afinal é tudo mentira.
Mentes também, mostra-te feliz, satisfeita, anuncia a todos
tua vitória infame.
Mentira!! há honra, sim... e pra que isso?
Se enfim com os outros está só e ninguém a vê como és..
Quisera poder ver em outra boca, em outro olhar, o meu...
Quisera...
Mas enfim, isso já não importa
já que o domingo acabou, as tintas estão quase no fim
e eu ainda tenho muitos olhos a pintar na porta do banheiro
pra quando eu estiver ali como sou, a lavar-me, ver todos
a mirar-me
e todas as gotas que escorreram propositalmente
água limpa dita pura
formando um mar em ondas SSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS.
Sem odiar ou amar
vivendo na crista prestes a reclamar o tombo
vendo na sombra dessa onda
que aparenta falta contudo vejo engano
uma espuma que espera
ser absorvida pela areia
sugada pra voltar
e encher-se outra.