A poesia como afirmação do ethos
ao anunciar as virtudes
num canto, que virou mito..
A intuição como conhecimento direto da realidade
a crítica sem fim, sem direção..
O caos de não saber se era ali que eu queria estar..
Já indo eu sabia que não queria, então porque fui?
Pra ficar ridicularizando as percepções..
Esses sentidos já estão mandando demais..
ah percepções..
Indolência junto ao carecente..
Tantas coisas perderam o sentido, depois de eu saber
como deve Ser..
E parece até um luto inflamado a tela que eu tenho em mente
Mas enfim, a poética que faz sentido é a minha idealização
aquela que é só minha
e devo ter perdido em algum canto,
com tantos discursos caindo um após o outro
eu não sei a que agarrar, não será a signos que se pegam com a mão..
ou a sua mão bem forte em silêncio, caminhando, caminhando..
e linguagens que arrefecem incertezas...discursos amorosos,
descobrir o princípio para controlar..nada disso..
As pessoas vão diminuindo e eu também...Deus! este não pode ser
o conhecimento direto..sem essa de suprimir a realidade, Sâmara..
Estas evidências transformadas em signos abafados pelo desejo
da morte do gozo, só isso. Sem entender..
Do que Nada se SabeA lua ignora que é tranquila e clara
E não pode sequer saber que é lua;
A areia, que é a areia. Não há uma
Coisa que saiba que sua forma é rara.
As peças de marfim são tão alheias
Ao abstracto xadrez como essa mão
Que as rege. Talvez o destino humano,
Breve alegria e longas odisseias,
Seja instrumento de Outro. Ignoramos;
Dar-lhe o nome de Deus não nos conforta.
Em vão também o medo, a angústia, a absorta
E truncada oração que iniciamos.
Que arco terá então lançado a seta
Que eu sou? Que cume pode ser a meta?
Jorge Luis Borges, in "A Rosa Profunda"