Eu sempre procurei o olhar fixo
aquele com foco no meu
mera estupidez
afinal esqueces das bundas?
aquele olhar de quem dá o que sente
estou segura em minha habitação com as
árvores em suas copas ao lado da minha janela e todos os
passarinhos de todas as manhãs
mas ontem, eu disse da falta
e venho dizendo pra mim
já faz algum tempo
desde que me entendo por gente?
No fundo já jogava com minhas pretensões inúteis
e dizia:
Não haverá nenhum encontro de almas afins, Sâmara
as almas não conversam sua tola...
Estúpida eu já estava na volta pra casa e queria amor
como sempre...
desta vez não senti o escárnio do meu juízo sintético "ridícula"
sobre a chuva que caía e do assombramento de todas
as noites
ao voltar pra casa, o escuro da avenida molhada
com todas as poças
eu deveria estar mais agasalhada...
no medo que vem ao passar o viaduto
enfim,
de volta à habitação
encontro o meu olhar no espelho
descaradamente e encarecidamente
respeito-o
com toda a minha carência.
Acordo às 9:oo, leio um pouco
A náusea e vejo o quanto é ridículo
lamentar sua própria existência comparando-se
a um micróbio, já esqueço-a no banheiro
e tomo um banho em que hidrato os cabelos
não há aula
alguma nas sextas..
devo arrumar e
vou almoçar e a Yoga
antes de ir para o trabalho
não farei planos de amor
afinal, estes passarinhos aqui só cantam pela
vida habitual
posso apostar que nenhum deles ama,
não nasceram nenhuma mulher que se ilude.