segunda-feira, agosto 18, 2014



quando o desejo na ideia
bate de frente com a carne
se vê
o tempo
sabe-se nesse momento da ilusão
quando sentimentos deste tipo
são ditos
e que bom que o Outro ache bom saber
simplesmente que ele goste de saber
da invenção
eu gosto da vazão
da inspiração
do tempo que ocupa meu sim, meu não
passo que o tempo que passa
pra saber o que são
o tempo, o vento 
o gozo, né coração?
S.A.C


Aquela que não te pertence por mais queira 
(Porque ser pertencente
É entregar a alma a uma Cara, a de áspide 
Escura e clara, negra e transparente),
Ai! Saber-se pertencente é ter mais nada. 
É ter tudo também. 
É como ter o rio, aquele que deságua 
Nas infinitas águas de um sem-fim de ninguéns. 
Aquela que não te pertence não tem corpo. 
Porque corpo é um conceito suposto de matéria 
E finito. 
E aquela é luz. 
E etérea. 
Pertencente é não ter rosto. 
É ser amante 
De um Outro que nem nome tem. 
Não é Deus nem Satã. 
Não tem ilharga ou osso. 
Fende sem ofender. 
É vida e ferida ao mesmo tempo, 
“ESSE” 
Que bem me sabe inteira pertencida.
Hilda Hilst