sábado, maio 11, 2024

Inferno astral

O tempo passa de um modo estranho

Ando aos rastros 

Corrijo a tradução e acho que tá ridículo 

E ora poético 

Mas não tenho ideia de o fato de eu estar entendendo o meu 

Inglês, outros entenderão 

Depois do francês, nada

Vou ficar celibatária e não quero mais 

Relatar o desastre das minhas relações 

Deixem virem e irem como bem quiserem 

Eu disse que encontraria meu destino

Encontrei dois filósofos e achei tão chato

Não sabia que era tão chato, com muito ego

E competição fica chato

Parecia que a conversa não fluía naturalmente

Eu comecei a ser poeta no meio de filósofos 

Quando?

Eu não sei de nada

Estou num transe num sonho

Em que ora aparecem

Pessoas do passado

E as do presente

Eu nem saio de casa direito

Enquanto não enviar o draft english 

A utopia meu Deus a utopia 

Eu já To até cansada do sonho

Pq hoje mesmo meu queria finalizar o dia

Igual à tese 

Com tacto.

Meu ego tá fraco

De tantas imperfeições 

De não amar 

E de amar demais

To indo da cama pra cadeira e do quarto pra

Cozinha

Pro banheiro

E To achando tudo ridículo 

Minha vida

Minha obra

Minha vida

Posição social humilhante

Segurança de si

Não seja ridícula,

Não vais pegar mais um grau?

Doctor

Ego no ralo

enfim, quem precisa disso se se pode repetir filosofia

infiltra teu ego num monte de filosofia, tem de ser das boas

no Brasil, do tipo marxista... Jesus, so jurassic park 

que eu tive apelar para Platão... 

Eu não sou artista da palavra

Não sou nada

Eu corrijo e depois volto a corrigir

Mas eu não salvei?

Ou meu doc não tá salvando?

Salvando palavras?

Eu vou ser o q?

Eu vou pra onde?

E eu ser mulher

E eles homens?

E a tese longa

E melhor cortar 130 páginas 

E o sentimento de fracasso permanente 

Eu não sei me narrar mais 

E To alheia ao mundo

Hoje parei um pouco e comecei a ver as nuvens passarem

As gaivotas

Sem saber 

Quando 

Onde

Eu acho que morri

E precisava nascer 

No dia do meu aniversário 

E sair desse inferno astral,

Ontem me afoguei

Não sabia respirar

Comecei a contar as braçadas 

O sul do Brasil está afogado

E eu devo calar-me.

Por que minha dor 

Está perdendo a sua vaidade.