sexta-feira, setembro 06, 2024

a luz que entra na torre

sinto que voltei a ser zumbi

Um zumbi que nada

Se for entregar a tese perde a bolsa

Ou não 

Quem estuda psicologia aristotélica 

Com filosofia da mente contemporânea 

Alguém que leia o De Anima? Pegada analítica ? Naaaaa

E

Muito vasto e nada

Nada, nada

Eu não sei nada agora volto pro outro livro e outro livro

E vou tratar de significado

E o terceiro MP

Sim; aceitarei o que decidirem

Sem medo do futuro 

Sem medo de tentar e continuar a.....fazer filosofia 

Estudar filosofia 

Minha poesia é lutar pela filosofia 

Fazendo backups 

Enviando emails

Ouvindo as gaivotas 

Tomando café com brunost e pão sem glúten 

Achei uma geleia de frutos vermelhos incrível 

essa gordura abdominal e dor nas costas

O brunost vai acabar

Mas eu já decidi que vou viver

Estou tentando não me deixar levar muito pela imaginação 

O que acho que é mais prático 

Eu queria ter, eu não sei

Estou a ser objetiva em meio a isso tudo

Nem a aumentar, nem a diminuir

Quero uma expressão nova

Sem olhos cansados

sem gravidade pesando

Acho que por ora não será possível 

Queria ir pra montanha 

Terminar outro livro, o primeiro

Talvez já esteja tudo escrito 

Talvez quem tem poder já sabe o que será 

Os deuses no Olimpo

Utopia ou Andrómeda, foi sonho

É estranho eu estar tranquila agora

e isso parece ser outra ilusão

A tarde é iluminada

buscando sobre meaning no Ryle e no Ponty,

again

e lendo a metafísica,

eu não sei dizer da ontologia direito

e como o significado na percepção é incorporado 

talvez com a noção de disposições no Ryle

eu estou a começar me repetir....

ás vezes tenho a sensação que preciso mover

o corpo mais que o pensamento,

e sei que isso vai ser assim pra sempre

mas se a mente é disposicional, e o significado 

não é algo metafísico e abstrato

a função simbólica também pode ser disposicional

esquema corporal

repetindo...

eu devo estar delirante, mas que é diferente daquele que não sabe que

delira.

é sexta, mas como as plantas não vou me mover

não há nenhum abismo que o da torre

a mim própria

deveria correr até ao mar

amar

amar o mar

nadar

o rio

o sol

e pronto, já se foi

e quando são oito da noite

e a noite começa a cair

eu começo a ficar inquieta

sem saber o que fiz, o que li,

o que escrevi,

o que foi que eu fiz

eu sei o que comi,

as plantas não se moveram, eu me movi como?

puxei uns ferros, coisa ridícula,

to pesada

Sísifo fora de forma

as mesmas pedras que rolam e que eu as busco.

há nevoeiro no mar,

o edifício já está em silêncio

eu não sei o que fazer

eu poderia sair pra ver.

Mas não, acendo duas velas

como em Oslo,

estarei atenta aos aviões e gritos das gaivotas

olhando para as minhas plantas e para o horizonte.