«Johannes!
Não te chamo "meu" Johannes, pois sei bem que nunca o foste e fui bastante duramente punida por ter deixado a minha alma deleitar-se com esta ideia. E no entanto sim, porei "meu": meu sedutor, meu subornador, meu inimigo, meu assassino, agente da minha infelicidade, túmulo da minha alegria, abismo da minha condenação. Direi portanto meu Johannes e direi tua Cordélia, mas estas palavras que lisonjeavam os teus ouvidos quando respondias à minha adoração, podem agora cair sobre ti como uma maldição, uma maldição para toda a eternidade! Não te regozijes com a ideia de que penso perseguir-te e ameaçar-te com o punho para excitar a tua ironia! Mas poderás fugir à vontade, continuarei tua: ir até ao fim do mundo, continuarei tua; mesmo que ames centenas de outras, continuarei tua; até à hora da morte, digo-te, continuarei tua; mesmo esta linguagem hostil prova até que ponto continuo tua. Como tiveste a audácia de enganar um ser ao ponto de te tornares tudo para ele, a tal ponto que poria toda a minha alegria em tornar-me tua escrava? Sou tua, tua, tua, sou a tua maldição.
Tua Cordélia»