quinta-feira, dezembro 12, 2024

Sobre a incerteza

Ah como eu queria ser poeta

Pra dizer desses dias em que parece que se correu 

E acordou de um sonho

Another bad romance

E aquela vontade de não estar no mesmo lugar

E não saber e nem ter como viajar

É preciso encontrar trabalho 

E como voltar pra universidade?

Qual? 

Brasil

Algum lugar do mundo

Nem sabes

Queres

E o dia passou voando

Você escreve projetos que nem sabe bem

Mas você gostaria de viver lá?

Ponty e Witt? Mas é isso?

Linguagem percepção significado 

Again

Não sabes 

Metafísica do self? Again?

Entrega currículo no Mercado,

Na Casa Agrícola,

Na Vinoteca…

Não sabes..

Vai ao ginásio 

Lava as roupas

Sobe e desce as escadas do

Shopping cidade do Porto 

Tá com raiva do livro do Bukowski

Não vai voltar a lê-lo, pois não? Naaa

Bolsas de posdocs 

Vai tentar assim,

Ali, aqui, acolá? Sei lá!

Sim 

É o que há pra se fazer 

E seguir

Toca a mesma música sempre,

E mais olha pro teclado

Do que tocas

Vais.. não sabes mais o que estudar 

Poderia ser mesmo metafísica 

E todas as comparações entre filosofia analítica 

E fenomenologia

E Ponty pra sempre

E agora o Ari

Não sabes

Agora Wittgenstein?

Nem sabes, só vai

Estou com medo 

Vai com medo mesmo.

Agora que não se perde mais no outro

Podes perder te em ti.

Meu cabelo cai 

sinto frio

E fecho a janela.

Vou precisar de recomendações académicas.

Eu queria me perder no outro

Again.

Já é sexta, 13

E o natal vem

Eu sem ninguém 

Again

Ah já tá chato

Tanta incerteza 

Que eu vou pegar 

O “Sobre la certeza”

418. Mi comprensión, ?es solo ceguera ante mi falta 

de comprensión? Muchas veces parece serlo. (Witt)

E acho que prefiro o Tratactus

Ou O livro azul

Não terminas de ler o livros

Voltas pro De Anima, pra Metafísica?

Johansen, Olson

Ou continua na linha comparar 

Fenomenologia com filosofia analítica?

Não sabes

Calma descansa, mas tem deadline no domingo 

E eu não sei se envio… envia… 

Sabe que metafísica tem de ser hummm lá 

Quer dar continuidade a caminhos 

Que fizeste na filosofia 

E pronto, se perdeu

Se perdeu no sonho.

Esqueceu que caminho se faz ao andar 

E não sabes em que direção será 

Pode ser e não ser

Será em todas as que ver

Ser possível 

Ou não sabes

Se possível 

São muitos nãos 

Ando traumatizadas com nãos 

Nãos de revistas enfim… e me fazem revisar..

E acrescentar coisas que nem sei se gosto

E depois dizem que escrevi sobre o que já 

Tinha escrito

Já estão me exigindo originalidade? Wtf

Mas o sim deve vir 

Isso é política?

Aff

Por que são pessoas 

E universidades

E filosofias

Ah eu quero um doce

Mas já é uma da manhã 

Bebe água 

E imaginas..

Não consegues ver o futuro

Ainda está na torre

Iluminada.




quarta-feira, dezembro 11, 2024

Bukowisk, o misógino

não há mais nada, mais vínculo algum, com a universidade

com nenhuma fundação...

eu não preciso mais de ir à nada, vou ficar um ano no limbo?

Os prazos, as chances, o medo… queria me ver avançando..

E não começar a

escrever sobre como servir cervejas e vinho à beberrões?

Por favor Deus, eu quero conhecer o eterno,

Chega do efémero e superficial, de ver o mal,

não vou mais pedir ajuda por aqui, nem vou dar as caras pra bater

antes da defesa... sem venenos tomados deliberadamente...

tô com um livro de poesia do Bukowski e vi o quanto é rude,

queria botar fogo no livro, mas é emprestado...

pesado, misógino, sexista, e talvez eu não goste mais desse tipo de 

linguagem, em que ressalvam uma nostalgia ao sofrimento, 

à marginalidade e autodestruição...

o vício é um inferno, a mentira que isso nos faz mais humanos...

não há nada de belo nisso...

um pessimismo cheio de merda, 

eu quero luz, inspiração para o amor, conhecimento eterno...

para o encontro, sem mentira, 

sem ter de ver a miséria de alguns como bela,

eu prefiro sonhar com a imagem heróica e overcoming

de outros...

por que eu quero superar tudo, entende?

esquecer

todo o trauma... e não fazê-lo poesia, ou tentar parecer

que sou mais humana, meu pai alcoólatra, não havia qualquer 

poesia ali...como vou escrever da violência, do abuso com alguma beleza e inspiração?

e alguns poetas não fingem, apenas mostram mesmo o que são e há quem se identifica com eles... 

por que muitas vezes deixamos entrar essas energias do inferno

em nossa torre? nosso corpo?

eu sinto muitas vezes pena dos alcoólatras, das putas, da falta de amor,

e não vejo nenhuma beleza nisso. Isso não pode inspirar a nada.

Olha, estou cansada da feiura, da mentira, da imundície, 

da miséria, eu quero os eruditos, os clássicos e imortais,

foudasse, quero todos eles.

Quero virtudes, cosmologias, filósofos antigos que são melhores

que os de hoje...

...e não me interessa se isso está fora de moda,

eu já nem tenho vontade de sair à rua mesmo.

Eu sei bem o que me inspira, já não há dúvidas sobre isso,

só tenho medo, de não conseguir ser assim.



segunda-feira, dezembro 02, 2024

real bored

A vida começa a ficar mais intensa, e mais fria

com mais vento

eu não sei bem por quê, outono e inverno

eu começo a me abrir, para possibilidades que invento

ou às vezes, sou completamente passiva à elas

comparo outros dois filósofos vivos, 

deixaram o crucifixo que tem o poder de proteger na torre

um aussie vem da Austria, enche a torre demais com uma alma

estranha e que me pergunta pq eu iria querer voltar pra favela, 

eu expulso no 

segundo dia, aquele corpo vestido de imagens, olhos no peito, coruja,

tantos nomes da família, moustache, corações, estrela de Davi, 

lágrimas, ah ele só não tatua a cara, não vai sair mais de meus olhos...

mas imagina, é como se ele tivesse colocado um tanto de símbolos

sobre a pele, é cansativo tentar ler, a estética é realmente atrativa 

também por ser um corpo que virou um tipo de tela...blá blá blá

muito estímulo positivo e depois negativo, me lançando toda hora

nos contrários

a confundir-me, 

to vendo muita misoginia nos homens, devo estar louca

enfim,

talvez eu que seja misantropa.. 

ou o contrário disso, que não sei o que seria 

filantropa, nem é, 

bla bla bla

estrangeiros,

brasileiros,

não quero falar de política

nem sobre sexualidade 

se não gosta de poesia, filosofia

não posso fazer nada a não ser isso

quero metafísica mesmo

cheeky

poderiam me deixar em paz 

pra estudar 

eu não quero imaginar outras vezes, outras pessoas

too much work

busy busy

com coisas que nem vais dizer que é trabalho

por que não sabes do trabalho dos filósofos,

das filósofas,

e agora, eu só quero ir pra onde eu tiver de ir,

mas nem acabou

eu estou ancorada no Porto, faz é tempo...

O julgamento,

defender

hummm

estou como um zumbi que precisa de sol

e não consegue sair de casa

a humidade tá lá nas alturas

eu espirro sem parar, meus olhos voltaram a coçar

estão sempre caídos, rosados,

e a volta dos eletrônicos a todo vapor

um a tirar a água do ar, outro a aquecer o ar...

se já não quero mais sair de casa, mas amo ver o sol

branco desta época, em que seu brilho é de uma luz

fria...

mas estas casas não foram feitas pra isso...

pois...eu insisto com a janela aberta, gosto de sentir frio

os contrários,

desafia demais teus sentidos, por isso andas alérgica,

é só o mofo de novo.

e não quero me meter em política, feminismo,

animalismo, altruísmo, naaaa

to interessada em outro tipo de materialismo

hilemorfismo...outras coisas...

sobre identidade pessoal, self, ainda pela alma

portanto, outros, agora, afetam-me

e eu só espero passar e alterar

running running running away

parece que finjo que as pessoas são interessantes

e o que eu quero são apenas seus corpos, sorrisos, beijos

mãos, línguas, falo

o índio trouxe o xadrez, não consegui jogar duas partidas,

começou a me instruir, realmente ele sabe muito xadrez, 

e já me chama de meu amor? bebê...wtf

quando me dão muito de sua alma, eu começo a testá-las

eu não aguento, as sombras e luz,

tudo misturado, me confunde,

eu prefiro franzir a testa e continuar a estudar.

Eu definitivamente acho que estou sempre melhor sozinha

com a luz entrando pela janela e a minha alma

sem sombras de outras

eu menti que queria viver sobre a sombra de outra alma

é por que era uma determinada alma

mas, as outras almas,

aparecem mais como corpos que almas..

ou simplesmente, agora não sei,

vou amar almas e corpos já definidos na minha história,

e as de agora, parecem-me mais corpos que almas,

mas acho que não estou a entender o hilemorfismo,

não se fala de corpos com pouca alma Sâmara,

ou de um corpo que sobressaia mais sobre a alma,

é que não sabes que tudo que é um corpo, é tudo que é uma alma.

mas o corpo que beijo, pode ser mais do que a alma?

é que tal alma é mais atraente em dar te sensações corporais,

do que a ouvir os teus discursos,

todas as sombras de um, de outro, que chatice...

tens de entender melhor o hilemorfismo,

a mesmo corpo que beijas, é a mesma alma que quando 

vem a voz, cada palavra, cada jogo de linguagem,

te deixa entediada, real bored,

e esse é o paradoxo