A vida começa a ficar mais intensa, e mais fria
com mais vento
eu não sei bem por quê, outono e inverno
eu começo a me abrir, para possibilidades que invento
ou às vezes, sou completamente passiva à elas
comparo outros dois filósofos vivos,
deixaram o crucifixo que tem o poder de proteger na torre
um aussie vem da Austria, enche a torre demais com uma alma
estranha e que me pergunta pq eu iria querer voltar pra favela,
eu expulso no
segundo dia, aquele corpo vestido de imagens, olhos no peito, coruja,
tantos nomes da família, moustache, corações, estrela de Davi,
lágrimas, ah ele só não tatua a cara, não vai sair mais de meus olhos...
mas imagina, é como se ele tivesse colocado um tanto de símbolos
sobre a pele, é cansativo tentar ler, a estética é realmente atrativa
também por ser um corpo que virou um tipo de tela...blá blá blá
muito estímulo positivo e depois negativo, me lançando toda hora
nos contrários
a confundir-me,
to vendo muita misoginia nos homens, devo estar louca
enfim,
talvez eu que seja misantropa..
ou o contrário disso, que não sei o que seria
filantropa, nem é,
bla bla bla
estrangeiros,
brasileiros,
não quero falar de política
nem sobre sexualidade
se não gosta de poesia, filosofia
não posso fazer nada a não ser isso
quero metafísica mesmo
cheeky
poderiam me deixar em paz
pra estudar
eu não quero imaginar outras vezes, outras pessoas
too much work
busy busy
com coisas que nem vais dizer que é trabalho
por que não sabes do trabalho dos filósofos,
das filósofas,
e agora, eu só quero ir pra onde eu tiver de ir,
mas nem acabou
eu estou ancorada no Porto, faz é tempo...
O julgamento,
defender
hummm
estou como um zumbi que precisa de sol
e não consegue sair de casa
a humidade tá lá nas alturas
eu espirro sem parar, meus olhos voltaram a coçar
estão sempre caídos, rosados,
e a volta dos eletrônicos a todo vapor
um a tirar a água do ar, outro a aquecer o ar...
se já não quero mais sair de casa, mas amo ver o sol
branco desta época, em que seu brilho é de uma luz
fria...
mas estas casas não foram feitas pra isso...
pois...eu insisto com a janela aberta, gosto de sentir frio
os contrários,
desafia demais teus sentidos, por isso andas alérgica,
é só o mofo de novo.
e não quero me meter em política, feminismo,
animalismo, altruísmo, naaaa
to interessada em outro tipo de materialismo
hilemorfismo...outras coisas...
sobre identidade pessoal, self, ainda pela alma
portanto, outros, agora, afetam-me
e eu só espero passar e alterar
running running running away
parece que finjo que as pessoas são interessantes
e o que eu quero são apenas seus corpos, sorrisos, beijos
mãos, línguas, falo
o índio trouxe o xadrez, não consegui jogar duas partidas,
começou a me instruir, realmente ele sabe muito xadrez,
e já me chama de meu amor? bebê...wtf
quando me dão muito de sua alma, eu começo a testá-las
eu não aguento, as sombras e luz,
tudo misturado, me confunde,
eu prefiro franzir a testa e continuar a estudar.
Eu definitivamente acho que estou sempre melhor sozinha
com a luz entrando pela janela e a minha alma
sem sombras de outras
eu menti que queria viver sobre a sombra de outra alma
é por que era uma determinada alma
mas, as outras almas,
aparecem mais como corpos que almas..
ou simplesmente, agora não sei,
vou amar almas e corpos já definidos na minha história,
e as de agora, parecem-me mais corpos que almas,
mas acho que não estou a entender o hilemorfismo,
não se fala de corpos com pouca alma Sâmara,
ou de um corpo que sobressaia mais sobre a alma,
é que não sabes que tudo que é um corpo, é tudo que é uma alma.
mas o corpo que beijo, pode ser mais do que a alma?
é que tal alma é mais atraente em dar te sensações corporais,
do que a ouvir os teus discursos,
todas as sombras de um, de outro, que chatice...
tens de entender melhor o hilemorfismo,
a mesmo corpo que beijas, é a mesma alma que quando
vem a voz, cada palavra, cada jogo de linguagem,
te deixa entediada, real bored,
e esse é o paradoxo