segunda-feira, dezembro 02, 2024

real bored

A vida começa a ficar mais intensa, e mais fria

com mais vento

eu não sei bem por quê, outono e inverno

eu começo a me abrir, para possibilidades que invento

ou às vezes, sou completamente passiva à elas

comparo outros dois filósofos vivos, 

deixaram o crucifixo que tem o poder de proteger na torre

um aussie vem da Austria, enche a torre demais com uma alma

estranha e que me pergunta pq eu iria querer voltar pra favela, 

eu expulso no 

segundo dia, aquele corpo vestido de imagens, olhos no peito, coruja,

tantos nomes da família, moustache, corações, estrela de Davi, 

lágrimas, ah ele só não tatua a cara, não vai sair mais de meus olhos...

mas imagina, é como se ele tivesse colocado um tanto de símbolos

sobre a pele, é cansativo tentar ler, a estética é realmente atrativa 

também por ser um corpo que virou um tipo de tela...blá blá blá

muito estímulo positivo e depois negativo, me lançando toda hora

nos contrários

a confundir-me, 

to vendo muita misoginia nos homens, devo estar louca

enfim,

talvez eu que seja misantropa.. 

ou o contrário disso, que não sei o que seria 

filantropa, nem é, 

bla bla bla

estrangeiros,

brasileiros,

não quero falar de política

nem sobre sexualidade 

se não gosta de poesia, filosofia

não posso fazer nada a não ser isso

quero metafísica mesmo

cheeky

poderiam me deixar em paz 

pra estudar 

eu não quero imaginar outras vezes, outras pessoas

too much work

busy busy

com coisas que nem vais dizer que é trabalho

por que não sabes do trabalho dos filósofos,

das filósofas,

e agora, eu só quero ir pra onde eu tiver de ir,

mas nem acabou

eu estou ancorada no Porto, faz é tempo...

O julgamento,

defender

hummm

estou como um zumbi que precisa de sol

e não consegue sair de casa

a humidade tá lá nas alturas

eu espirro sem parar, meus olhos voltaram a coçar

estão sempre caídos, rosados,

e a volta dos eletrônicos a todo vapor

um a tirar a água do ar, outro a aquecer o ar...

se já não quero mais sair de casa, mas amo ver o sol

branco desta época, em que seu brilho é de uma luz

fria...

mas estas casas não foram feitas pra isso...

pois...eu insisto com a janela aberta, gosto de sentir frio

os contrários,

desafia demais teus sentidos, por isso andas alérgica,

é só o mofo de novo.

e não quero me meter em política, feminismo,

animalismo, altruísmo, naaaa

to interessada em outro tipo de materialismo

hilemorfismo...outras coisas...

sobre identidade pessoal, self, ainda pela alma

portanto, outros, agora, afetam-me

e eu só espero passar e alterar

running running running away

parece que finjo que as pessoas são interessantes

e o que eu quero são apenas seus corpos, sorrisos, beijos

mãos, línguas, falo

o índio trouxe o xadrez, não consegui jogar duas partidas,

começou a me instruir, realmente ele sabe muito xadrez, 

e já me chama de meu amor? bebê...wtf

quando me dão muito de sua alma, eu começo a testá-las

eu não aguento, as sombras e luz,

tudo misturado, me confunde,

eu prefiro franzir a testa e continuar a estudar.

Eu definitivamente acho que estou sempre melhor sozinha

com a luz entrando pela janela e a minha alma

sem sombras de outras

eu menti que queria viver sobre a sombra de outra alma

é por que era uma determinada alma

mas, as outras almas,

aparecem mais como corpos que almas..

ou simplesmente, agora não sei,

vou amar almas e corpos já definidos na minha história,

e as de agora, parecem-me mais corpos que almas,

mas acho que não estou a entender o hilemorfismo,

não se fala de corpos com pouca alma Sâmara,

ou de um corpo que sobressaia mais sobre a alma,

é que não sabes que tudo que é um corpo, é tudo que é uma alma.

mas o corpo que beijo, pode ser mais do que a alma?

é que tal alma é mais atraente em dar te sensações corporais,

do que a ouvir os teus discursos,

todas as sombras de um, de outro, que chatice...

tens de entender melhor o hilemorfismo,

a mesmo corpo que beijas, é a mesma alma que quando 

vem a voz, cada palavra, cada jogo de linguagem,

te deixa entediada, real bored,

e esse é o paradoxo