terça-feira, setembro 23, 2025

Sólido-ão

Já esparramo na cama

E me amo novamente 

O mal que me fizeram já não está comigo mais

Foi pro inferno a que pertence

E pareço ultimamente ter medo das noites

Tenho vontade de sair 

E logo passa

Vontade de fugir pra outro país 

Eu posso sentir 

Já não consigo dormir

Eu tenho as estrelas 

Quase tirei a roupa pra entrar no mar

Me impediram e disseram que se eu entrasse

O Mar ia me levar

Eu disse que me leve

E não me deixaram entrar

Disseram que se eu entrasse ele me puxava e eu não iria 

Mais voltar

Comi um hambúrguer 

E fui pra casa

E já são 3:15

Meu coração acelera

Penso será que vou morrer?

Não morro e não durmo

E depois passo o dia exausta

Rindo sem saber por quê

Pra suportar eu rio pra todos

Mas meus olhos lacrimejam 

E parecem chorar 

Sem que eu chame pelas lágrimas 

Elas apenas caem e eu digo que é alergia

Devo estar com alergia de que? Do fim do verão?

Vou apresentar num congresso sobre a solidão 

E direi da solidão do imigrante pelo zoom

Direi de Ponty, Wittgenstein e o Ari

Será que direi de mim? Naaa vou dizer do corpo,

Da linguagem, da sociabilidade pra alegria

Da amizade pra saúde mental… de mim? Naaaa

Será no meu dia de folga e eu nem consigo 

Pensar no que vou dizer sobre a fenomenologia da     

solidão da imigrante

Por que estou absorta nela

Como a noite faz 

enfim

"quantos idiotas vivem só"…

Mas prefiro imaginar-me como Hölderlin

Em sua torre

Com Hyperion em mente,

É melhor assim.