Lembro quando li "Um lugar ao sol" de Érico Veríssimo,
aquela bíblia de um cotidiano
chato e monótono,
a saga de um jovem,
e não sei pq lembrei agora,
acho que foi um feixe de luz...
um lugar ao sol...
o que ele queria dizer eu ainda não sei
bem o que era...
o sol brilha hoje e sempre...
e daí?
me deixe falar de minha angústia latente,
de não saber bulhufas de coisa alguma,
de querer sempre me dar alguma chance,
em uma espera que eu não sei bem de que...
e como dizem esses terroristas de almas,
se o inferno existe,
e se toda uma filosofia cristã me vem destorcida,
meu fim lá seria,
mas hoje como Sartre disse,
O inferno são os outros...
e a minha cabeça está confusa,
é culpa de quem?
essa minha insistente faculdade de cogitar,
imaginar,
viajar num mar desconhecido...
Óh imenso besteirol de coisas,
fadigada estou com meus 23 anos...
e meu grito é cada vez mais alto,
e perco a voz,
e me canso de gritar...
e minhas feridas da alma se dilatam com
cada grito meu...
pedem-me para calar,
numa melancolia transparente...
não, eu já me escondo,
ninguém sabe quem sou...
dentro de mim
ecoa..
e eu fico a escutar os ecos...
e ouvir minha própria voz me é ainda estranho,
porque eu nem sei quem sou,
e as demais perguntas existencialistas...materialistas...
e todas as esperas e memórias,
é estranho, muito estranho.