quinta-feira, maio 07, 2015

A superação da metafísica mediante a análise lógica da linguagem- Rudolf Carnap

1- Introdução

Sempre houveram opositores à metafísica, muitas críticas
algumas diziam que se opunha à experiência, outras diziam que era um conhecimento se excedia a nossa capacidade de compreensão
com o desenvolvimento da lógica moderna, novas respostas são dadas a este problema
que por meio de análise lógica tenta decifrar o conteúdo destas proposições científicas
a análise lógica de proposições metafísicas aponta para um resultado negativo
destas proposições serem sem sentido e seu uso estéril
é como levantar questões por exemplo: qual era o peso médio dos habitantes de Viena
cujo número telefônico termina en 3?
proposições que não nos dizem nada, sem sentido, são pseudoproposições

2-O significado de uma palavra

palavras com significados são conceitos
se a sua significação é somente aparente e a realidade não o possui
falamos de um pseudoconceito
palavras sem significado, como podem ter sido introduzidas na linguagem? pergunta Carnap
cada palavra tem significado, que pode mudar com o tempo, pode ser que uma palavra perca seu antigo significado sem chegar a adquirir um novo, assim surge um pseudoconceito
como descobrir o significado de uma palavra?
1. de que proposições  deriva ou podem derivar tal proposição
2. em que condições é falsa e verdadeira tal proposição
3. como pode ser verificada
4. qual é seu sentido

por exemplo artrópode e sua definição
são animais que possuem corpo segmentado com extremidades articuladas e cobertos por quitina

a coisa x é um artrópode
devem derivar premissas
x é um animal
x possui um corpo segmentado
x possui extremidades articuladas
x tem uma cobertura de quitina

cada uma dessas proposições derivam de  uma elementar que é a primeira
e estas derivações afirmam sua possibilidade de verificação
 e sentido e sobre seu critério de verdade
assim fixa-se o significado de artrópodes


portanto há

proposições de observação e proposições protocolares, e assim se obtém o significado das palavras

em teoria do conhecimento se costuma dizer que
proposições se referem ao dado, mas não há unanimidade sobre o que é o dado
se o dado são qualidades sensoriais ou sentimentos (como cor, calor)
mas também há outras teorias que dizem das proposições se relacionarem entre si
referindo a experiências globais e relações de semelhanças entre as próprias proposições
(parece se referir a Russell e Quine)
outras dizem que proposições dizem de objetos...

mas Carnap diz que independente dessas opiniões a respeito do que seja uma proposição
ele afirma que as palavras só possuem sentido  se foi fixado as relações de derivação de proposições
protocolares
qualquer que seja as características destas

o significado de uma palavra se define mediante seu critério de aplicação( que é esta prática de derivação
e verificação
isso seria um critério de aplicação de cada palavra
isso eliminaria  a falta de significado e o uso de pseudoproposições
assim cada palavra receberia seu significado exato
O significado está contido neste critério e o que deve ser feito é mostrá-lo a partir dele

suponhamos que alguém invente uma palavra tago
e há objetos tago e outros não
para descobrirmos o que significa tago perguntaríamos sobre seu critério de aplicação

assim é...como determinamos em um caso concreto se um objeto dado é tago ou não é...??
se depois de aplicar o critério de aplicação descobrimos que
não existe signos empíricos de taguidade, assim somos obrigados a negar o uso dessa
palavra
e se há pessoas que insistem em usar a palavra afirmando que há objetos que são
tagos e outros não
Carnap diz que será um mistério, um segredo eterno, um mero flatus vocis....(universais não tem realidade objetiva) corrupção, liberdade....


e se a pessoa insiste em usar a palavra tago, inferiremos somente o fato psicológico associado a tal
palavra e seu uso, como imagens e sentimentos, mas não por isso adquire esta algum significado
são mera pseudoproposições

(há o exemplo de palavras que são sinônimos de outras) mas,

para resumir esta análise de Carnap
a condição suficiente e necessária para uma proposição ter significado são as formulações a seguir
1- Que o uso empírico da palavra seja conhecido
2- Que se estabeleça de quais proposições protocolares é derivada
3- Que as condições de verdade tenha sido estabelecidas
4- Que o método de verificação seja conhecido

3. Palavras metafísicas carentes de significado

então Carnap conclui que muitas palavras usadas na metafísica não satisfazem
ao critério que ele propôs e são carentes de significados
por exemplo a palavra "princípio"
princípio do mundo ou das coisas, ou da existência, ou do ser
e muitas são as respostas dos filósofos....como ex: água, número, forma, movimento, vida
e por aí vai.....
com o intuito de descobrir o intuito que possui a palavra princípio

assim Carnap quer aplicar o critério à palavra princípio
que seria  perguntar aos metafísicos em que condições uma proposição da
forma "X é o principio de Y" é verdadeira e em que condições é falsa...

o metafísico responderia  aproximadamente como:
"X é o princípio de Y"
que quer dizer que Y surge de X
o ser de Y reside no ser de X
Y existe em virtude de X e por aí vai.....
mas estas expressões são ambíguas e com muitas interpretações possíveis
poderia tbm acontecer de o metafísico dizer que há uma relação causal entre ambos,

mas o que o metafísico diz por significar não é esta relação empírica e observável
assim seria correspondente ao observar uma lei física, mas não é....
assim o pretendido signficado metafísico que se supõe possuir quando em contraste
com o significado empírico, não existe!
inclusive quando se observa o significado original
da palavra, arqué nos gregos e principium no latim a palavra
diz de começo, e não como nos metafísicos usam como
uma prioridade diferente e metafísica
faltam critérios para esta especificação metafísica
a palavra foi desprovida de seu significado original  e foi lhe atribuído algo
novo, uma casca vazia diz Carnap....

depois analisa a palavra Deus
que designa algo que está para além da experiência
não corporeo
o seu significado também é descrito por pseudodefinições metafísicas
como o absoluto, o inconcidicionado, onipontente, onipresente, autônomo...e por aí vai
não possui nem uma proposição elementar como X é um Deus
seu uso teológico é mitológico e metafísico
podem ter um uso empírico sobre o emprego a palavra Deus quando se referem mitológico..

resumindo o uso de palavras metafísicas são sem significado
como por exemplo ( a ideia, o absoluto, o infinito, a coisa-em-si, essência, ego)
e é o mesmo que se passa com o exemplo da palavra tago
não tem sentido, não declaram nada, querem significar algo mas são meras ilusões
de sentimentos e imagens
são pseudoproposições

4- O sentido de uma proposição


agora Carnap quer mostrar palavras que possuem significado, mas que reunidas de uma forma
que o conjunto não tem sentido
algumas combinações de palavras são admissíveis outras não
assim a linguagem não exclui estas combinações inadimissíveis,
como por exemplo ele vai tentar mostrar

1- César é Y
2- César é um número primo

a sequência das palavras é correta, a forma gramatical também
mas a proposição 2 carece de sentido, Número primo é um predicado dos
números, não pode ser afirmado ou negado a uma pessoa
aparenta ser uma proposição mas não é
não declara ou expressa nada, nenhuma relação existente ou inexistente
é uma pseudoproposição

mesmo não violando as regras da sintaxe gramatical
não se trata de uma proposição correta
A é um número primo
é falso se e somente se A é divisível entre um número natural distinto de A e de 1
neste caso é evidentemente necessário substituir A por César

ou seja a linguagem cotidiana permite a formação de pseudoproposições
sem que sejam violadas as regras gramaticais
não há correspondência exata entre sintaxe gramatícal e sintaxe lógica
se assim fosse não formariam proposições sem sentido
Carnap considera que poderia ser feita uma divisão e classificação dos substantivos
em diferenças classes de acordo com as propriedades de cada um
numa tentativa de evitar o uso sem sentido
então conclui que mesmo que as proposições da metafísica sejam gramaticalmente
corretas não possuem sentido e não expressam nada
assim segue a importância da tarefa da filosofia que é de elaborar uma sintaxe lógica,
trabalho dos lógicos.

5-Pseudoproposições metafísicas

no quinto capítulo Carnap pretende analisar algumas proposições metafísicas
que ele afirma a violação da sintaxe lógica,

ler passagem de Heidegger

"Somente deve ser investigado o-que-está-sendo e ademais_ nada; o-que-está-sendo e fora disso_nada. Qual é a situação em torno deste Nada?... Existe o Nada somente porque existe o Não, quer dizer, a Negação? O sucede o inverso? Existe a Negação e o Não somente porque existe o Nada?... Nós postulamos: o Nada é mais originário que o Não e a Negação... Onde buscamos o Nada? Como encontraremos o Nada?...Nós conhecemos o Nada...A angústia revela o nada...Diante e por que nos angustiávamos era "propriamente"_nada. De fato: o nada mesmo_ como tal_estava aí....Qual é a situação em torno ao nada?...O nada mesmo nadifica." Heidegger, SEr e Tempo...

Carnap vai fazer uma análise destas passagens, comparando com proposições que tem sentido

tentar mostrar a análise

ele diz que a deficiência da linguagem metafísica é comprovada
e diz da diferença de uma linguagem logicamente correta gramaticalmente
mas numa mistura de palavras com sentido e outras sem...