psicanálise
a entrada em uma operação de função simbólica
felicidade simbólica
ver a realidade efetivamente como ela é
quando confrontando com o Real com todo esse horror insuportável, o sonhador acorda, i. e. escapa para realidade..
realidade é constituído exatamente sobre o modelo de felicidade simbólica
O que isso tem a ver com o computador? No início de 1954 Lacan indicou
que no mundo de hoje, o mundo próprio da máquina, o caso paradigmático para
a “felicidade simbólica” é o computador,
produzida em campos variados e realizada em âmbito universal (nós
“programamos” nossas atividades;
claro, nós sabemos que ele é “inanimado”, é apenas uma máquina; no entanto,
na prática nós agimos para com ele como se ele estivesse vivendo e pensando...
Duas das principais reações são
a "Orwelliana" (o computador como encarnação do Grande Irmão, um exemplo do
controle centralizado do totalitarismo) e a "anarquista”, na qual, em contraste,
vê-se no computador a possibilidade para uma nova sociedade autogerenciada,
“uma cooperativa do conhecimento” a qual vai permitir qualquer pessoa controlar
"de baixo”, e, deste modo, fazer a vida social transparente e controlável.
: uma primeira tentativa
de simular o pensamento humano mais remotamente possível com o computador,
trazendo o modelo o mais perto possível ao humano “original”, até certo ponto
significa o contrário e isso cria as questões: e se esse “modelo” já é um modelo
do “original” ele mesmo, e se a inteligência humana ela mesma opera como um
computador, é “programado”, etc? O computador cria, na forma pura, a questão
da aparência, um discurso que não pode ser um simulacro: é claro que o
computador em alguns sentidos apenas “simula” o pensamento; como a
simulação total do pensamento se difere do pensamento "real" ?
A objeção usual contra a “inteligência artificial” é aquela que em uma análise
final, o computador é apenas “programado”, que ele não pode em sentido real
“entender”, enquanto atividades humanas são espontâneas e criativas.
Aqui os
proponentes da cultura do computador procuram o elo entre ciência e arte: na
essência, não apenas empírica, não totalidade e inconsistência do computador -
não é dessa maneira a atividade auto-reflexiva do computador homóloga à
composição de Bach que constantemente toma o mesmo tema?
real”.
Nisso consiste o elo do mundo do computador com o universo da ficção
científica: concebemos um mundo no qual tudo é possível, podemos arranjar as
regras arbitrariamente, a única coisa predeterminada é que aquelas regras devem
então ser aplicadas; isto é, aquele mundo precisa ser consistente nele mesmo.
Ou, como Sherry Turkly colocou: tudo é possível, ainda que nada é contingente -
o que é em conseqüência excluído, é precisamente o real. Essa realidade, a
realidade do outro que é excluída aqui é, evidentemente, a mulher: o outro inconsistente por excelência.
????
consistente, caminhando na
posição estrutural de um parceiro intersubjetivo, o computador é um "parceiro
não-humano" (como Lacan fala da senhora em amor elegante) [6]. Pode-se
inclusive explicar a partir disso o sentimento de algo não-natural, obsceno, quase
terrível quando vemos crianças falando com um computador e obcecadas com um
jogo, esquecidas de tudo à sua volta: com o computador, a infância perde sua
aparência de inocência.
Através da
miragem da "realidade virtual”, a realidade "verdadeira" ela mesma é posicionada
como um simulacro dela mesma, como uma simples construção simbólica. O fato
de que "o computador não pode pensar" significa que o preço para nosso acesso à
"realidade" é também que algumas coisas devem permanecer impensadas.