sinto-me em defesa do tempo,
como se perdesse o sonho, perdesse tudo
todos no Porto fumam e eu não quero mais
não há amigos, amores, arte, beleza
estou enfraquecida aqui
meus olhos coçam, sinto-me fraca
o mofo vence-me
meus olhos lacrimejam todo o dia
coçam
pareço doente,
não há como eu ganhar do mofo
não consigo abrir a janela durante a noite
apesar de hoje ter aberto e pareço estar cada vez pior
sei lá, pensando em olhar casa em Rio Tinto na puta que pariu
apenas existe alguma casa que não esteja mofada e eu possa pagar?
estão a ficar todos cinza e verde
a utopia em mim
pareço estar numa fase de mofo apenas
as finanças penhoram dinheiro da minha conta
e vou pedir o passaporte vermelho
nem sei, penso em Merlin
penso no elo amarelo
penso em tudo que foi lindo
mas no presente mofo
já vou pro De memória
entro no Parva devagar
parece que vejo o Thomas a falar lendo o livro dele
perco-me em Meta
não sei por que ando a me perder lá
ontem tinha vontades de morrer
e vi a Manu desesperada pra ser salva
me tirem daqui, ela pedia
eu não sabia o que fazer, ninguém me salvou
e não sei se ainda eu consegui fazê-lo
estou a querer arrancar meus olhos com os dedos
Deus eu sei que isso é uma passagem
e será meu último inverno fúngico
por favor.