Passei o dia desejante de amor
eu me dizia: Ame!
anda! Tenho pressa.
Minhas amigas grávidas conhecerão
o amor verdadeiro
e eu com medo de permitir que alguém
saído de mim sofra.
Peco sempre por medo e ânsia de amar
estava a recitar poesia ontem
e meu amigo do bairro disse que aquilo
não descrevia a realidade, eu lia Tabacaria
e fumava.
Ele é um homem simples e não lê.
A minha bolha de sabão estourou enquanto eu olhava
ela subir no ar,
A filosofia pareceu-me tão elitista, será a poesia também?
o amor pode estar num café e conversa com o pedreiro
numa galinhada com os amigos do bairro
e eu sempre a buscar onde não o sinto
nas brigas por política ou religião
esquerda e direita
Cristo e Iansã
seguirei alerta
não serei mais insensível: Amo!
