quarta-feira, abril 13, 2022

Eucaliptos apaziguam o vento

Os eucaliptos acenam-me com as copas

escrevo sobre matéria e forma

um quadro vivo move-se na minha frente

um guindaste

as águas do Douro ao fundo

trabalhadores na obra

uma igreja imóvel na paisagem

o verde move sem parar

as nuvens 

os livros quietos nas estantes

pareço agora estar normal

pareço

eu e Fer escrevemos poesia em segredo

na minha loucura

não quero ajuda nem atalhos

não é esquizofrenia, nem alucinação

ou possessão

já elaboraste estes traumas infames todos

também não quero mais ter medo

planejava ir à Grécia no verão

mas já não sei não, é mais barato ir à Londres

tive uma queda 

pensei que fui mal

mas enfim

nem fui, pensando bem

meti-me num meio insano

amor à sabedoria aham...sei

Aristóteles tolinho o caralho

ah pq ele tem a teoria que tem?

ah por que esse sistema e não outro?

ah por que eu sou assim e não outra?

não tomarei mais remédio

nem terapia

chega!

adrenalina, serotonina será meu SOS

chega de pedir ajuda 

liberdade é não ter medo.