Os eucaliptos acenam-me com as copas
escrevo sobre matéria e forma
um quadro vivo move-se na minha frente
um guindaste
as águas do Douro ao fundo
trabalhadores na obra
uma igreja imóvel na paisagem
o verde move sem parar
as nuvens
os livros quietos nas estantes
pareço agora estar normal
pareço
eu e Fer escrevemos poesia em segredo
na minha loucura
não quero ajuda nem atalhos
não é esquizofrenia, nem alucinação
ou possessão
já elaboraste estes traumas infames todos
também não quero mais ter medo
planejava ir à Grécia no verão
mas já não sei não, é mais barato ir à Londres
tive uma queda
pensei que fui mal
mas enfim
nem fui, pensando bem
meti-me num meio insano
amor à sabedoria aham...sei
Aristóteles tolinho o caralho
ah pq ele tem a teoria que tem?
ah por que esse sistema e não outro?
ah por que eu sou assim e não outra?
não tomarei mais remédio
nem terapia
chega!
adrenalina, serotonina será meu SOS
chega de pedir ajuda
liberdade é não ter medo.