quinta-feira, março 26, 2015

A economia da ciência -Ernest Mach

No pensamento científico adotamos a teoria mais simples, aquela que irá explicar
todos os fatos sob consideração e habilitar-nos a prever novos fatos do mesmo tipo.
O engodo deste critério recai nas palavras "mais simples". Na realidade, trata-se de um princípio
estético tal como o que encontramos implícito nas apreciação da poesia ou da pintura.  Por exemplo, o leigo considera uma lei como:

uma fórmula aqui....

muito menos simples, enquanto afirmação matemática, do que é. O físico inverte este julgamento,
e a sua afirmação é certamente a mais frutífera no que diz respeito à previsão. É contudo, uma afirmação sobre algo pouco familiar ao leigo, a saber, a razão da mudança da razão da mudança. J. B. S. Haldane


a ciência antecipa  fatos
é objeto da ciência substituir, ou conservar, experiências, pela reprodução e antecipação de fatos no pensamento.
a memória está mais à mão do que a experiência

a ciência usa linguagem ideográfica
usa símbolos que pretendem ser universais, adoção de um sistema como o chinês
na reprodução de pensamentos escolhemos os acontecimentos
uma palavra equivale a um composto que atribui todas as sensações do mesmo
mas o mundo não é composto de coisas
mas de cores, tons, pressões, espaços, tempos, em resumo, daquilo a que
vulgarmente chamamos sensações individuais
é uma questão de economia

por exemplo ao anotar casos de refração de luz
há uma fórmula , simplesmente se soubermos que o raio incidente,
o raio refractado e raio perpendicular estão no mesmo plano
na natureza não há nenhuma lei da refração
só há diferentes casos de refração
a lei da refração é uma regra concisa e englobante, imaginada por nós para a reconstrução
mental de um acontecimento, e apenas para a sua reconstrução parcial, isto é, o seu lado
geométrico.

um exemplo de economia da ciência é a mecânica
no qual lidamos com espaços, tempos, massas
a matemática como economia do contar
os números com arranjos de sinais que são organizados em sistemas simples
as operações numéricas são independentes do tipo de objetos aos quais se aplicam
aprendemos operações aritméticas para nos poupar grande trabalho
é também o propósito da álgebra, por exemplo das equações
a matemática é o método de substituir, pela forma mais compreensiva e econômica possível
novas operações numéricas por antigas cujos resultados já são conhecidos
pode acontecer que os resultados tenham sido efetuados originalmente séculos atrás.
frequentemente, as operações que envolvem um intenso esforço mental podem ser substituídas
por um processo rotineiro semi-mecanizado , que permite poupar tempo e evitar fadiga.

A função da ciência é, no nosso entender, substituir experiências, deve permanecer no nível da experiência
mas deve ir além dela
esperando constantemente confirmação e esperando refutação
a ciência atua no domínio da experiência incompleta
a comparação entre a teoria e a experiência pode ser mais e mais alargadas à medida que, os nossos
meios de observação se aperfeiçoam.

a associação de ideias e experiências
as ideias que conhecem a maior quantidade de experiência são as mais científicas
o princípio da continuidade, conduz a economia de pensamento
a ideia torna a experiência intelígivel
ela cobre e suplanta a experiência
preenchemos espaços em branco da experiência pelas ideias que a experiência nos sugere

o átomo é um produto imaginado
não podem ser perceptíveis pelos sentidos
são coisas do pensamento
a teoria atômica na física, ocupa papel semelhante ao dos conceitos auxiliares em matemática
um modelo matemático para facilitar a reprodução mental de fatos
são usadas como meios fáceis de substituir a experiência
o progresso da matemática pode facilitar o processo
mas são ajudas como artifícios mentais
este também é o caso em todas as hipóteses formadas  para a explicação
de um novo fenômeno
mas estes expedientes mentais nada tem a ver com o próprio fenômeno.