sexta-feira, junho 13, 2025

Esquecer

esqueci que ontem não era minha folga, disseram que pareço que tenho 10 anos
não se esquece dos dias da semana, pra mim ontem era sexta
enfim, não fui despedida, tive que ir correndo à 1 da tarde
mas era pra ter entrado às 7:30
estava a estudar tranquilamente num café,
depois de fazer exames pela minha vida saudável longe da morte
decidi que é tempo de sober men
saí com meu lenço e levei uma garrafa de Porto 
que um hóspede me deu, e outra de água
achava toda a gente feia pela cidade
a beleza é tão difícil 
o amigo palhaço daquele que era pra ser bom pra mim, mas foi tão mau..
sentou ao meu lado, 
veio aquele cheiro de álcool 
eu decidi não deixar invadir minha aura e não perguntei nada
nem como tinha sido o Brasil
ou se estava bem, é claro, que com aquele cheiro, não estava
encontrei a Tay, sentamos na Cordoaria,
lembro-me que antes me sentia bem no meio dos jovens Erasmus
agora pareceu me que eu era um e.t. e não há um lugar na cidade
que eu possa me sentir como antes, 
a não ser a mirar o rio ou o mar,
acho que mais o mar por que sei que dali as águas
vão pra todos os lugares, lugares longe daqui
o Douro já me parece velho e mofado preso entre velharias
com suas águas escuras e seus redemoinhos assassinos 
É bonito apenas quando reflete alguma luz
e hoje é realmente o dia de folga
disseram-me que agora estou a dever à casa
os meninos da recepção claro devem estar a falar bem mal de mim
mas preocupo-me com o livro e com o projeto
acordo cansada do vinho do Porto
já são quase duas da tarde e ainda estou na cama, uau
grande dia de folga
vou tomar um banho e tentar enviar um artigo 
o livro
e olhar para o projeto
não vou lavar as roupas, nem fazer as unhas 
talvez corra agora pro restaurante brasileiro
procurando alguma comida que lembre minha terra
e pronto
esquecer que houve algum amor pra viver,
esquece, os homens nunca amaram as mulheres.