Percepção não é nem uma experiência subjetiva nem uma propriedade objetiva da mente, é um aspecto do ser-no-mundo.
A filosofia de Merleau-POnty não é psicologia ou epistemologia, mas ontologia.
Como Heidegger, ele acredita que a ontologia da existência humana deve proceder para uma descrição fenomenológica da experiência humana.
O que a fenomenologia pretende descrever? Em uma palavra, intencionalidade - ou tematicidade da experiência. Uma vez que na Idade Média tardia, intencionalidade foi entendido de duas maneiras: um puro direcionamento da mente até o mundo, e como um dicursivo ou conteúdo semântico do pensamento e da linguagem A teoria das ideias de Descartes e Locke efetivamente obscurecem para além destas noções, e por volta do século 19, por exemplo em Brentano e Husserl, o paradigma semântico foi como um eclipse não somente do precoce modernismo com a "forma das ideias", mas também muito mais uma noção primitiva do direcionamento da intencionalidade de si próprio.
A fenomenologia de Merleau-POnty é em grande parte uma reação crítica ao paradigma semântico racionalista, uma tentativa de libertar o fenômeno percebido na consciência, da concepção dominante do conteúdo intencional abstrato, discursivo, e generalizável como pensamento. Uma vez que a concepção semântica da intencionalidade encoraja uma imagem da consciência com um fechamento e um domínio de conteúdo significativo, nitidamente delineando um mundo que pretende referir, a fenomenologia de Merleau-Ponty é um alternativa que enfatiza o essencial entrelaçamento corporal da percepção e do mundo percebido. Ao passo que Husserl era um internalista, Merleau-POnty é um externalista.
Husserl deve manifestar seu internalismo explicitamente em sua metodologia planejando conhecer através da redução transcendental, que é, o suporte ou exclusão de um mundo externo próprio para uma total descrição imanente do conteúdo da consciência. Embora Merleau-Ponty escreve com grande simpatia e admiração pelo trabalho de Husserl, como Heidegger, ele rejeita a redução transcendental, que para ele é impossível, de fato incoerente.
Na Fenomenologia da Percepção Merleau-Ponty lança duas frentes de ataque ao empirismo e intelectualismo. Empiristas consideram a percepção fundamentada na sensação; intelectualistas enxergam isto como uma função do julgamento. Merleau-Ponty argumenta que nenhuma teoria é correta. Percepção não é fundamentada na sensação porque seu conceito é muito confuso. Nós vemos coisas, não sensações. De fato palavras supõem descrição de meras sensações ("queimando", "vibrando" "spot", "patch") são de fato abstratos, fragmentárias partes da linguagem originariamente referindo totalmente às coisas (incêndios, sinos, peças de roupas). O exato conceito de sensação é parasitário em nosso conceito de objetos. Pior, o conceito de sensação é capturado entre duas frequentes e incompatíveis tarefas: para descrever o imediato estímulo dos nossos sentidos, e no descrever como as coisas aparecem. A aparência percebida das coisas difere grandemente da ordem dos estímulos sensoriais, embora, também é certo que o conceito de sensação não tem um papel consistente para jogar na teoria da percepção. Percepção não pode ser baseada em julgamentos porque julgamentos pressupõem algumas coisas dadas, sobre quais o julgar pode ser feito. Se intelectualismo insiste que a percepção é realmente julgamento "todo o caminho", então, ele despoja-se de qualquer apelo para o fenômeno comum, que parecia dar-lhe o conteúdo, ou seja, o julgamento é entendido como uma atitude tomada em relação a um mundo dado em percepção. O que tanto o empirismo e intelectualismo perdem de vista é o campo fenomenal próprio, o dado do mundo é situado numa perspectiva incorporada que não é meramente sensorial nem intelectual A unidade dos objetos percebidos com tal, é problematizada por Molyneux no século 17 concernente a sua famosa questão da relação entre conteúdo sensorial tátil e visual, é fundamentado na unidade do corpo humano, "o sujeito material do mundo", como Samuel Todes colocou.
Minha tradução capenga do Resumo de Taylor Carman - Intentionality and Perception..Merleau-POnty.