sexta-feira, dezembro 22, 2017

Comme une folle

A querer llenar mis taças
De gozo
A poner mi cabeleira rubia
A poner mis dedos rojos
A contar lunares
Con mi boca roja
A beber unas verdades y mentiras
De una sola vez
Hey
we're chained
tu con estos pies
tu con estos pechos
con esta boca seca
con esto corpo que me 
intento ...aaa....ya no sé mas
sé de algo....
con estos ojos mas abiertos
yes, a song 
we're chained
and Im go out tonight
sin ti
por que vivo
vivo
com tu.
About how many ships we have it?
ninguna canción pop grudará en nós...
saíremos ilesos
como fazíamos
hein?
heaven
its go to heaven
in my dreams
estupidezes
diversas vezes
in my heart
everything is gone be...
eu só preciso abrir os braços
e a boca
pra fechá-los em ti
hey no hay tormentos
o huesos brilhantes sob la luna
we're chained
merd
c'est la vie, la crém de la crém..hein?
dacord
comportaremos de modo punk
usually
comportaremos como amantes
inventaremos qualquer coisa óbvia
de amantes analíticos
que desconfiam até de ovos mexidos pela manhã
isso deve lhe sair caro....
fuderemos toda a noite uhhh
fodassss
meu coração puto de tanta sensação vai 
esquecer das ilusões e as possíveis descrições
mentais
se ele pudesse pensar, já sabem, não pode
depois de você tirar esses coturnos novos
pra ir com teus pés de Rei de Francia
a roçar a cada manhã em mim
merd. Pa pa pa pa pa 
passionamént....
le pas..le pas
passe passe
paspas passe paspaspasse passe passe il passe il pas pas



vos passes passions vos pas vos vos pas dévo dévorants ne do ne dominez pas vos rats pas vos rats ne do dévorants ne do ne dominez pas vos rats vos rations vos rats rations ne ne ne dominez pas vos passions rations vos ne dominez pas vos ne vos ne do do minez minez vos nations ni mais do minez ne do ne mi pas pas vos rats vos passionnantes rations de rats de pas

émerger aimer je je j'aime émer émerger é é pas passi passi éééé ém éme émersion passion passionné é je

je t'ai je t'aime je t'aime passe passio ô passio passio ô ma gr ma gra cra crachez sur les rations ma grande ma gra ma té ma té ma gra ma grande ma té ma terrible passion passionnée je t'ai je terri terrible passio je

je t'aime passio passionnément  
profiter  jouisse  fleuves rios 

qu'il est bon ou très bon
comme une folle.

sábado, novembro 25, 2017

Efficacy of desire

não se passa nada
prazer desinteressado porra nenhuma
imaginação?
onde?
quem?
passarinhos a cantar uma da manhã?
Minhas mãos
elas poderiam deslizar
poderiam afagar tua cara
poderiam ir até seu peito
e fazê-lo tombar
pra eu ir dentro de ti
sim, conteúdo meu seria
te beijar
eu só tenho imaginação pra
te sugar
eu sou um fingidor
que finge o desejo que deveras sente
eu imito esses versos do Pessoa
sem ser poeta
afinal, é muita pretensão
querer poesia do desejo
vai imita a Hilda...
falta o Túlio...não há ato irreparável
algum
aquelas montanhas sombrias
tocam algum hino noturno
eu sei lá o que poderia imaginar?
tem musos por aqui perto?
hein?
Davidson muso, vem pra mim...
vem...
vem com esse olhar infantil
e velho ao mesmo tempo
faz eu ver o que tu querias dizer....
merda, cita Hume...
não há indução ...
existe alguma lei causal caralho?
hahahaha
mete o caralho...isso
Melden...
hein?
Melden...
ah movimentos corporais
tem causas...
sim, caralho! hahaha
mas as causas não são as causas das ações?

DAvidson diz: você está errado, simplesmente por pensar assim:

This is, I think, a contradiction. He is led to it by the following sort of consideration: 'It is futile to attempt to explain conduct through the causal efficacy of desire—all that can explain is further happenings, not actions performed by agents. The agent confronting the causal nexus in which such happenings occur is a helpless victim of all that occurs in and to him' (128, 129).


o fdp termina assim sem mais nem menos...

Unless I am mistaken, this argument, if it were valid, would show that actions cannot have causes at all. I shall not point out the obvious difficulties in removing actions from the realm of causality entirely. But perhaps it is worth trying to uncover the source of the trouble. Why on earth should a cause turn an action into a mere happening and a person into a helpless victim? Is it because we tend to assume, at least in the arena of action, that a cause demands a causer, agency an agent? So we press the question; if my action is caused, what caused it? If I did, then there is the absurdity of infinite regress; if I did not, I am a victim. But of course the alternatives are not exhaustive. Some causes have no agents. Among these agentless causes are the states and changes of state in persons which, because they are reasons as well as causes, constitute certain events free and intentional actions.

ok.
love. hahaha


sexta-feira, novembro 24, 2017

Último Soneto

Que rosas fugitivas foste ali!
Requeriam-te os tapetes, e vieste...
--- Se me dói hoje o bem que me fizeste,
É justo, porque muito te devi.

Em que seda de afagos me envolvi
Quando entraste, nas tardes que apareceste!
Como fui de percal quando me deste
Tua boca a beijar, que remordi...

Pensei que fosse o meu o teu cansaço ---
Que seria entre nós um longo abraço
O tédio que, tão esbelta, te curvava...

E fugiste... Que importa? Se deixaste
A lembrança violeta que animaste,
Onde a minha saudade a Cor se trava?...

                      Mário de Sá-Carneiro

quinta-feira, novembro 23, 2017

Solipsista sonolenta sem estrofe ideal

Como esvaziar de mim?
se estou somente a me encher?
cheia de quê?
do todo em mim
de imagens
de sentimentos
de vontades
de música
de Expadalll
nem tanto..
como dizer-te poesia
sem pecar na fala
as razões ditas
os motivos escolhidos
as ações Sâmara...
as ações...
quais ações?
todas de todos os dias
o hábito?
qual?
Hábito de quê?
eu sinto igual?
eu faço o mesmo caminho todos os dias?
eu penso cigano..
eu  penso montanha
eu  penso açúcar
todo lustroso
eu não preciso me repetir...
eu repito...
o meio riso fixado na cara
as sobrancelhas arqueadas
o cigarro
eu não preciso me repetir
há um tambor no meu peito
e um franzir a testa
um último pensamento.
eu queria dizer o primordial
escolher as melhores razões sentimentais
dos desejos
das crenças
eu queria razões ou ações?
 o que importa?
o gole primordial?
Eu quero Cinismos
Cesário Verde
a vida, o gozo..
o choro, a risada
eu hei de lhe falar......
se soubesse estabelecer
relações causais razoáveis...
a estrofe ideal.
Todos os passos na areia
devem ser levados pelo vento da noite.
não há cárceres
há imaginação
cabelos e lombar
sangues nas veias
na noite cismada
um rosto
você do outro lado
olhando os outros, como eu
não! eu olhei pra ti..
é perigoso contemplar sua seriedade
seu sorriso
não é nada disto!

...

eu nem sei de suas mãos
esculpe-me nelas..

não!

polindo a minha pele
tornando-me intelígivel
no teu desejo

não cintila nada em tua imagem
é tudo magreza em ti
Q mentira!
Não vês como queres?
não vi arte alguma
o que foi que vi?

Meu Deus!
eu não vi exatamente nada
eu fechava os olhos e te beijava
eu precisava fugir
eu fui até a lombar

meu Deus, não foi nada!
imagina Sâmara,
suspeita
de gozo
espreita o gozo
sonha o gozo
goza..
ha-ha

goza, apenas
o inverno bate à porta!

goza no peito,
goza na boca,

Não sejas tão exigente...
a pensar sentimentos
pensar gozos...
gozando dentro do peito
transparecendo nesse meio sorriso na cara
que soberba!
Solipsista em todos os sentidos...aff
que tenta fundar na imaginação
sua lei
explicativa da relação causal..

para...descansa. Amanhã inventa de novo.
Inventa o desejo? Hein?
abre os olhos.




quarta-feira, novembro 22, 2017

Rastros

Palpitações
Sem desalento
Atento
Mas sem saber
Sempre
O melhor
O meu prazer
Um frio do caraça
Por que já não é do caralho
Davidson
Tá morto
Eu querer cigano
Querer London
Querer chuva
Querer aquecer
Podia ser qualquer stand up comedy?
Poderia ser NY?
Poderia ser Bourdeax?
Eu no Porto
Quero tanto
Ouço os sem-sono..
Sem artigo
Sem libro
Sem amor
Andando nos tacos soltos...
Trocaram a bandeira
Agora há uma limpa e nova
Ao vento
Que não se debate presa ao mastro
A geladeira cheia de sushi
São 3 e eu somente trabalhei.
Work
Work
Antes era mundo da lua e eu queria
Mundo dos homens
Agora é mundo dos homens (zombie sexy) e eu quero
Sofia..lua...
Bem..no Porto.
My mood?
I can..can..change..

segunda-feira, novembro 13, 2017

Ser..ente..serpente

Sonha serpente...arrasta-se volumosa
E contorcendo move-se com leveza
Sinuosa
E brilhante verde
Ergue-se com os olhos abertos
Olha ereta
Freud explica..

Cachorra

Eu era um cão sorridente
Apenas
No sonho
A minha consciência era
Debater com as orelhas e sorrir
Fatigante
Com um sorriso
Ofegante e aberto
Querendo algo...
Sem saber sorrindo...
Hei olha eu sorrindo pra ti
Eu sinto e sorrio
E nem sei se peço algo
Algo eu quero hahahaha
Ok dormes...sonha águia, peixe...
Uma montanha vermelha
Sonha Sâmara

Dei vi sommm omm

Que tesão transar contigo
Davidson... Hahaha
Me deixou pensando em ti..uau!
Dá pra dormir tranquila agora hahaha
Sofrer para gozar contigo hahaha
Aff faz assim
Ok
Será assim.

sábado, novembro 11, 2017

Colapsé

Há não me digam vem por aqui

eu não quero caminhos prontos
eu não escuto o que dizem
eu penso nuns cabelos
como uns colapsos do real durante o dia

entre caldos verde e papas de serrabulho
que eu nunca vou experimentar
Expadallllll

ok
não tenho poesia
action, reasons and causes

não há montanhas
sim, sim, sim
ok, ok, ok..ok...
"ok"
mercado e presuntos

Bom Sucesso...
legalize...

aquele vapor da máquina de lavar louças
que eu odeio
a minha pele da cara

abstinência
colapso

não franze o cenho Sâmara
que horas vai descansar?
umas seis, sete horas? ahahahaha

acordar ao meio-dia...uma hora da tarde
almoçar e recomeçar

Actions, reasons and causes
a relação causal é convencional...
quais são as razões primárias?

diz, Sâmara
repete pra si...
todos os dias....
se convença que tens uma identidade pessoal blá blá blá

não dá pra poesifilar?

esse eu que segue
que quer carreira, se sustentar, caralho...
sim, caralho, importante questão....

Ó musa do Caralho..
cadê você, sua linda
aparece cigano pra mim...hahahaha

que merda
você quer se aquecer....
você pensa que faz filosofia, que é filósofa
O caralhooo

tá, você até cochila agora na aula do Tunhas
quem foi que chorou de saudade da Filosofia???
afinal, agora é saudade
quem foi?

Caralhoooo
respira
suspira
olha sua cara
essa olheira
vai servir um pratinho de orelha, caralhoooo
Alheira...o caralho ..sim! De novo!

tás a ver? o mais propenso caralho..
Musa o Caralho..

Já não tens mais imaginação,
lógica transcendental...o caralho de novo...hahahaha

dorme, Sâmara.

sexta-feira, novembro 03, 2017

The light of the moon

há começos hoje...
há início de coisas aqui dentro
eu sinto, eu escrevo
eu não quero pensar em fins
Gravuras da sua figura
que eu remonto

Eros
veio me ver
esta noite.
Já foste embora
com a chuva da manhã
aguaceiros que limpam
meus olhos para ver
o quanto embaçados
se encontram meus sentimentos

Não importa
a imaginação, argumentação
razões, justificações...
Friday, I'm in love.




Tempestade

Os trovões dizem que eu não poderia
Querer-te
Falam-me
Somos estranhos..será mesmo?

quarta-feira, novembro 01, 2017

Reflexos

sempre a comer doces debruçada na janela
a tatear as paredes no escuro
a sair dum banho toda vermelha
a jogar a roupa em qualquer criado mudo, cadeira
a ver a mesa organizada e pensar no que tens de fazer
no que tens de ler e escrever
a tentar organizar o horário
a vida
a ver que há portugueses a mirar por toda parte
a varrer as migalhas
do chão
a jogar tanta comida fora
sem saber de nada
pensar em Sofia
pensar
que é preciso ir pra casa pra dormir
e ver que emagreces
ver que
teus peitos diminuem
no teu reflexo do vidro da janela
mas a ver que parece boa
parece bem bom o abdomen
parece bem lindo esse corpo
parece bem lindo essa vida
parece bem lindo tudo
todas as lembranças
por mais que sejam mortas
é bom enrolar-me nesse manto vermelho
que tenho
e fumar um cigarro antes de dormir
ver que não dá mais pra deixar a janela aberta
pois quando voltas do banho o quarto está com vento
não podes mais ficar nua
é preciso vestir coisas quentes
ainda tenho o manto quando escrevo
e todos os gelados que comes

é preciso organizar a vida
a vida já está organizada
eu não tenho problemas
foi a psicoterapeuta cognitivo comportamental..blá blá blá quem me disse
não há problemas
não falta nada
eu não preciso de nada além de
gestão do tempo
inteligência emocional..racional, comportamental, o caralho...
nada de picos de cortizol....
mas eu não sei..
eu não sei o que se passa
é preciso ler; caralho
é preciso escrever
breve, breve
ok eu começo amanhã
eu começarei amanhã

eu sei que estão a me observar
eu sei
esperam ver-me
esperam ver-me

como eu vejo essa bandeira a se debater nesse mastro
embaixo da minha janela.

é preciso fechar a janela deixar o manto
dormir.
Sentir saudade de tudo
Até de uns pés..

segunda-feira, outubro 30, 2017

Quereres..que eres?

Tu não me vês
Eu pensava que vias
Tu só me mirou algumas vezes
E das que eu vi melhor
Foi quando estava de óculos
Escuros..
Eu sem os meus
Estava nua diante de ti
Uns cogumelos
Um gelado de chocolate
E você...no meu caos
Tira a roupa e se joga em lua
Na minha cama...
O que  posso eu fazer?
O que eu posso fazer?
Eu não sei nada...
Eu sou tudo o que tenho..
Eu quero tanto
E sou tudo.
Eu bem que quero você e sei que não deveria.
Eu duvido...
Nada me via...
Enfim..nada se vê...
Eu invento...só pode ser...
Mas pode ser tanto....
E eu nunca vou saber
Eu queria mesmo você
Mas pra quê?
Poderia ser tantos
E então?
Queres mesmo é teu prazer.
E lunares..e todo lustroso?
Que confusão de corpos...
Tudo aqui dentro mais nada.
Tu queres mesmo é você.

Já não há.

Há um céu azul e eu viro para o outro lado..dou lhe às costas
Fecho os olhos e vejo uma rua às escuras
Como uma rua do Porto durante a noite
Com luzes amarelas
Uma curva em S
Lembro das bolhas de sabão daquela praça em Amsterdam
Por que eu não dancei ali?
Lembro de nós sentados ao lado daquele
Tigre branco
Esperando sermos surpreendidos
Mas estavámos mais alto
Há um vento imenso
E uma bandeira batento no mastro
Alguém precisa vir consertá-la
Eh preciso ligar para a prefeitura?
Él esteve em lunares puros
Na minha cama
Todo em pele
E con sus ojos cerrados
Yo no sé que pensar más
Todo és lejos demasiado...
Agora há contratos de trabalho
Mainstreams
Eu vou chamá-lo para um café..
Porra nenhuma.. Davidson
É melhor...
Sigue sigue
Não olhes para trás..
Já não há..
É preciso recomeçar.
O frio já vem com o vento
E a chuva.

sábado, outubro 28, 2017

Él

Vieste também de montanhas
As suas tem gelo
E tanta coisa das que me dissestes
Eu te seguia..eu ia
Você veio
Um homem sério..afirmas
Eu quero-te com os olhos fechados
Eu não sei lidar contigo
Há algo verde nos seus olhos
Eu não quero inventar estórias...
Mas estou a viver....
As cenas
Como foi que aparecestes?
Estoy interessado en el efecto..
Não há luas
É pele
Sua gargalhada
Seu tombalear
Su casaca azul
Su sorriso
Sus ojos cerrados para no ver me.

sexta-feira, outubro 27, 2017

Devaneios 37628195864

Queimando-te diante ( de antes) mortos
Eu deito me sobre um céu de lunares
E todo o chão do Porto
Queimava-te
E sabia que as mortalhas era consumirte
E ver as cinzas do que era
Mirando a rua meu chão
A rua da Meditação em frente ao cemitério
As cruzes no crepúsculo são lindas...
Os cabides deitados
Tentazioni de nao sei qué
Um lobo toma chá de
Baunilha e caramelo
Não sabe o que foi que foi
Que eh
Que vai ser
Segue segue
E a filosofia?
Hein?
A Filosofia...
A Sofia
A Luz
A Vida..
A minha vida
A minha espada
Eu não sei exatamente
O que...
E as formas de pensar
Os outros
A tasca
Eu
Eu..meu Deus Euuu..
Respira..andaaaa
Dormes
Terás mais tempo pra ti
E poderás volver
Puxar ferro puxar conceitos
Main streamsss
Levantar...levanta-me isso
Abre o peito
Te vês em quem?
Ah nao poderias..ela eh sagrada
Nao sei bem..eh forte
Eh muito forte...
Eu soh penso e me emociono
Com toda essa vida.
Eu fecho o cenho...tenho de sair do
Espanto
Produza...usa..joga tudo no lixo
Tanta comida...
Tanto knowledge...ah fodasssss
Eu estou a trabalhar ...e onde é que
Estou quando estou ?
Pootz
Na pele Sâmara
Estás na pele inconscientemente?
Onde está sua atenção?
Ok paro.
Tens que voltar a trabalhar pra ti.
Anda artigo e projeto
Tudo aprovado
Hahaha
Descansa.
Tens de estar presente.
Sempre alegre e otimista..aff
Que moleza...

domingo, outubro 08, 2017

A Lua matou a tulipa

o imaginário me leva aos montes
daqueles em que sobram ventos
podendo por ora ser alguns furacões
e eu penso que é a minha vida, o que é?
há tantas...
tão especiais...
tantos amores, tanto oposto disto tudo....
jogado como confetes na mão da terra...
enfim, eu não quero aquele bem-estar
que deixa a alma quieta
prefiro extremos.... eu posso inventá-los...
há quem possa pensar num medido desprezo
por pensar que ama... 
fizeste algum trato com alguém, Sâmara?
pactos de sangue são vistos na basura
eu conheço quando alguém
se parece a mim....
Qualquer dias desse a gente usa a imaginação...
Ah! o mundo da abstração!! fuga!
Muss es sein?
Es muss sein!
E de pensar que tudo isto somente passa pelo
eterno carimbando imagens...
Lambendo reminiscências finais do teu brilho 
purpurinas depois de uma noite de carnaval
começo a queimar os restos 
a prostituir a sua cara
vendo a feiura que é te matar..
Lançando-o numa tumba qualquer 
enterrando 
seu último bafo de cerveja
suas ancas rachadas, fraturadas
sua voz esganiçada dissipou 
Seu caralho? o que foi que ficou dele? um sopro?
Seu beijo..uma faísca..
a flacidez de suas pálpebras devoradas por 
milhares de vermes 
famintos, cegos,  a devorar suas órbitas...
enfim, 
um todo sem luz, cinza e negro
..agora morto no horizonte cemitério.

sábado, setembro 30, 2017

Des+esperamentos

Alguns desesperamentos oscilavam
Na alma
Com pouca calma
Eu sabia que não poderia partilhar meus anseios com nadie
Ainda menos com um teste amor
Eu tenho a sensaçao de vê-lo escapulir entre os meus dedos
Eu não posso crer nisso
Aquela história de foi só um sonho...
Vão à merda com isso!
Eu quero você como uma criança mimada...rogo...choro, digo não...
E nada muda
E cada vez ao longe
Vou te perdendo na névoa
Eu penso se já deixaste de me amar
Ou apenas percebeu que nunca amou
Ou simplesmente viu que sou fraca e não podes
Amar alguém assim...
Mas estou a ficar forte e você talvez nunca se dê conta
Do amor que abortou.

terça-feira, setembro 26, 2017

Bulhufas

o ridículo voltou.. depois da estranha sensação de não sei bem o quê
de fuga do medo...
faço algumas coisas em que me pergunto quem é essa que quer sentir
segura num mundo totalmente desconhecido...
ando tranquilamente pela cidade, nada me parece mais familiar
que todas estas casas velhas...
toda essa gente velha e fumante...
a beleza destes homens não me agrada
eu não sei qual seria...mas, quero cor, sei que quero cor
e não é maças de rosto rosas....
quero melanina, força, aquela que me vem em mente
que não sai do meu horizonte perceptivo...
parece tudo tão ridículo...esperarmos toda essa ânsia acabar...
quase obsceno um desejo desesperador daquele tamanho
o gozo adiado a todo momento só pra não morrer...
meu sonho
que me agrada desde o princípio e me fascina poder
vivê-lo
não se trata de conceitos, mas de um sorriso, um olhar
e todo o movimento do corpo e toda expressão em que
me perco e poderia tentar entender toda significação
inutilmente...eu poderia ter o hábito de amá-lo...
não seria forçoso...
toda a minha afetação, ambição, vaidade, toda a minha vontade
de alguma espiritualidade, verdade tornam-se um jogo idiota
e superficial...diante do conforto de tê-lo em minha visão.
Todo o sentido da filosofia, todos os meus intentos perceptivos
bulhufas............



sábado, setembro 16, 2017

Amo

Eu amo
Amo amo
Amo mesmo
Amo o infinito
O prazer
Amo até a morte
Amo
Eu amo amar
Amo o virtual
E o real
Amo vida
Amo eu
Amo você

terça-feira, agosto 08, 2017

Medo

Eu confabulo infinitamente
a minha percepção está confusa
eu não sei bem,
não concebo bem o que
eu penso que isso é bem forte
o prazer com você é bem grande
tá bom, isso é tudo?
você falou até em amar?
como assim Sâmara?
tava faltando prazer no Outro mesmo hein....
daí aparece o Outro que lhe dá prazer.....
aí pronto....tá amando?
pootz fudeu


Eh vc

Seu corpo meu alimento
é onde eu como gozo
do seu "todo lustroso"
Eu quero te amar com a calma
da chama de uma vela
Eu quero a poesia do seu sorriso
a brindar a vida num olhar
Eu quero pensar que você quer estar
aqui, dentro
Eu viajo, eu sei
eu vou continuar com medo de esquecer
do ritual de você dentro..
De como é bom ver-te
Tocar-te
Do bem bom
bem de boas
bem ótimo
de estar cansada de gemer contigo
de respirar você
Eu com ânsia de não sei que
não concebo bem o que
É você?
É você?
eu me pergunto
e a resposta já não é sua imagem
como ideia invasiva
é você como plano de fundo
da minh'alma, Túlio.
Você presente no meu horizonte
Eu não quero perder tal perspectiva...

sexta-feira, agosto 04, 2017

Erato

oh Musa!
fala...
eu pudesse contar da pele
com amor
e pudesse dizer-te poesia
quando vejo-o colado à minha boca
que insana me faço nestas noites
exaustivas
fudendo com você no espaço opaco
que há em volta
tudo é você no meu corpo
fala me Erato, eres poesia amorosa
chama Eros...Afrodite....esse povo todo
do Olimpo
pra eu tirar você de dentro.....
geme, berra, speak low...
Je vouis la vie en rose
aff...
Eu não pertenço
a este homem
mas
Musa,
diz me
o que é que me atormenta?
Eu não vejo nada cor-de-rosa
eu só vejo você.
Cielos......donde están?
las estrellas
luna...
que importan?
se tu não estás dentro???

sábado, julho 29, 2017

dá pra mim?
dou
eu nem sei mesmo o que é
se além da entrega
do meu corpo
devo lhe dar explicações
sobre o que sinto
desde a primeira vez que lhe
vi
eu sabia que lhe daria
todo o que eu queria
sentir
e o Outro era você
essa loucura de tomar meu pensamento
e não há filosofia que me faça
perder esse hábito
de querer você todos os dias.
Eu sei do céu de mil ventanas.
Eu estou desperdiçando alma
con estas tonterías
pero q paciere
con el


sábado, julho 22, 2017

Mil ventanas

Quando foi que eu inventei que era  você o Outro
encantado
encantada
eu fui indo ao teu encontro
sempre disposta a te encontrar
agora eu me vi
entregue
e foi a hora que eu sabia que
era perto do fim
quando foi que eu te inventei
pertencendo a mim?
quando foi que eu te fiz meu querer
sem fim?
Merda
tudo isto se fará secundário
depois que houver frio
e o mais importante será minha subsistência
e pesquisa
merda...
quando foi que eu deixei o amor pra segundo plano
enfim
eu inventei o amor num segundo plano, num primeiro plano
aqui
eu senti
eu vivi
esse amor nesse mundo aqui.
Pronto, força.
Faz o que tiver que fazer pra ser
o que quer
ser....
Eu só penso que quero você
mas quero outras milhões de ventanas
nesse céu
que abrirá
pra mim.

quarta-feira, julho 12, 2017

Tatuagem

eu não sei o que é que eu sinto
eu sinto
não nos gozos seus
Nos meus
eu te gravei
em mim
não importa o quanto
sejamos indiferentes
o quanto sabemos que
no more
esse segundo de agora
o que é real
é o sangue
que lubrifica a carne
que você apanha
Em água
O poço do gozo
contínuo
que está aqui e
no more
anyway
anywhere
pra sempre
em mim
ou simplesmente até
o fim
eu quero te gravar
em mim
e de que serviria essa tatuagem?
mais do que imagem
é coragem
Miragem
à flor da pele

sábado, julho 08, 2017

depois de alguns minutos
tudo parece ridículo
outra vez
e faz frio
eu ainda não terminei meu Gold Fish
que é pro Outro
e tudo poderia ser um outro
sentido qualquer..............
a aleatoriedade é que me assusta
poderia ser um outro sentido
qualquer.

sexta-feira, julho 07, 2017

Reconhecimento ressaca

eu estava com medo de ser ridícula
do teu olhar
mas eu confessei
tudo
eu sinto
eu respiro
no ônibus todos
parecem zumbis
mas eu ontem eu via o quanto
eu te admirava
e parece que até amava
eu amo tudo que envolve minha história
e vc é alguém que eu fiz importante nela
eu estava entregue 
aos sentidos
parecia precisar de tornar-me líquida
eu bebi tudo
foi quando eu não pedia mais a
aprovação de ninguém
que parece que ela veio...
eu simplesmente fui
e depois voltei
e pronto
e fui o que eu queria ser
pode parecer estúpido
mas não é.

sexta-feira, junho 23, 2017

Die Sonne - A sol

eu serei meu
sol
pronto
está decidido
e todo esse espaço
dentro..
é minha consciência
até a borda
da pele
todo ele sou eu
estarei atenta aos raios
das emoções, intuições
mais que ao caminho
não há caminho algum

mas agora
essa que sou eu
é seu sol
amoroso..ui
de dentro
pra fora
do centro do peito.

Devaneio frontal

A minha cabeça pulsa
E se eu insistir em intensificar
Todos os sentidos
Dar mais realidade
Lembrar os sentidos
Dar importância
Pulsar novamente
Aqui na fronte
Sua voz
Cada palavra
Cada sentido
Como o meu corpo estava
O q foi mesmo que eu vi?
Como foi mesmo q senti?
Parece mais forte agora
Que eu retomo
Muito eu quero esquecer
Tento lembrar do beijo
Quero dar significado
Estou com medo
De partir
Por medo do que vou encontrar
Então
Eu não me vejo mais como uma
Histérica
Eu não costumo ter dores de cabeça
Porque aparecem pessoas longes?
Por que eu quero partir?
Agora eu precisava mesmo
Era dormir
Enfim
A minha fronte
Quer explodir
Não me interessa todos os planos que
Tem pra mim
Não me interessa como você
Pensa que eu deva viver ou sentir
Eu quero partir
Se você acha que eu devo ficar
Eu não entendo como podes
Você não vai explodir meu crânio
Os sentidos todos passarão por mim
Eu retomarei só o que me interessa
Opiniões não pulsam
Que disperdício de sentidos
Acho que é por esses e outros
Que eu busco lembrar uns beijos
Eu busco sentidos
Hein?
Busca sentidos?
Básico Hein
Significativos
Aff
Vai dormir please
Eu não respeito a tua opinião
Ela é só medo.
Chega por hoje.
Novos sentidos pleasee

domingo, junho 18, 2017

Banho quente

de repente todo o sentido se perde
os sentidos parecem ridículos
de todos os cantos da vida
e me parece que o jogo deve passar pra
uma nova fase
é preciso agora comprar a
passagem
é possível mudar todos os conceitos
imagens
as tais representações
e talvez até as emoções
?
as visões
o que mais?
as músicas
lugares

é preciso dizer o q?
toda a poesia
filosofia continental
analítica
o caralho

o que precisa ser dito?
o que precisa ser feito?
o que eu preciso viver?

será que é preciso começar a tomar cálcio
aplicar botox
pintar o cabelo de novo

é preciso amar um homem
ou um filho?

escrever um livro
ou fazer poesia
de frente um rio?

ler tudo o que escreveram sobre hábitos
e tornar-se uma especialista

é preciso somente tomar um banho
quente, agora

sexta-feira, junho 02, 2017

No oceano

é claro que o mar é desconhecido
na tempestade há o susto
mas não há perigo grande demais
se o barco segue flutuando..
as ondas e ventos
poderão se agitar ora acalmar
num furacão é possível 
quase voar
águas claras, profundas
imensas e nunca vistas
é possível banhar 
quem sabe até mergulhar
pra ver uns corais
umas ilhas, portos
falésias 
mirar a vida que encontra a vida do mar
um albatroz aquele
que se faz poeta e é 
zombado por seus marinheiros
sem niilismo algum
de Baudelaire para guiar
a saber
a vida se faz no convés e acima dele
a flutuar com a ajuda do vento
resvalado nas velas
que os mesmos marinheiros estão a içar
não é no pensamento que se vive
há tormentas
e sonhos do corpo 
que encontramos mais no crepúsculo
e vão se acalmar
num gozo num lar....

há de sentir sempre o balançar
e o rumo verdadeiro que é um ângulo
a rota
a rota tem como referência
aquela estrela mais brilhante do céu...hahaha
paralaxes....pouco importam
teremos um Norte magnético...

Vida carreira
hein?
como assim?

ondas
viram espumas
na areia

a viagem, imagino
um tubarão livre no oceano...


não,
sim,
vida toda no movimento das ondas
sem fim.

"-Claro que está asustado! Y yo! Pero está aquí, y eso es lo que importa". Richard Hughes 




terça-feira, maio 30, 2017

Melodia

achei uma lâmpada
lâmpada é proparoxítona
como Sâmara
encontrei "O corpo"
senti
Âncora
outra proparoxítona
os nomes
e suas tonalidades
dadas
por sentidos
a tônica
o centro tonal da minha vida
retoma a harmonia
musical
dos meus versos
concebidos
com
o sentido e som
da melodia
que eu quero e
estou, sou
a compor.



domingo, maio 28, 2017

a noite perfez aquele medo
dos vícios mórbidos que antes hostilizava
o desejo
não se tratava de imagens de amor, flores, 
corpos num abraço que tentam absorver algo
sei lá o q....
provavelmente é falta, muita falta
de sei lá o q..
a noite não pedia nada
ela só oferecia, oferecia...
cedia, exibia
por obséquio queres um pouco mais desejo?
ela dizia...
entra no furacão aqui comigo
não sairá ilesa
porque às 4h demonstrará sua fraqueza
vai chamar aquele abraço vampiro...aff
andaaa
shut up and run
pega um uber rápido e foges.
Não conseguirá fumar mais um cigarro sequer
logo terá aquelas roupas todas no cesto
para acolher-te num domingo alegre
Evocarás a alegria sem saberes 
dos desejos que já morreram ontem mesmo
mas tu queres mais e mais e mais 
já te ocuparás com muito amor ao lavar o tênis
e as camisas de uniforme......
rememorarei mais sentimentos
e quererás ir ao show do Jorge Ben que é de graça
na Praça da Estação
leva um vinho 
e feliz, muito feliz, muitooo felizzzzzzzzzzzzz 
pensa, pensa, muito feliz, muito feliz...ui...arrepio. passou já..
como é mais sua cara ter
preguiça dessa alegria...toda, depois de transbordar
fica em casa fazendo o artigo sobre liberdade em Fichte
com água.



sábado, maio 27, 2017

Que gente é essa?
chata e louca
e esse grude?
esse abraço quer me engolir?
me devorar
esse telefone foi pra comprar
dane-se...
tem muitos bichos no mundo
eu digo pra ti, não precisa casar
merda, não existe, "você é meu, e eu sou sua"
não me entrego e pronto
entregar o q?
não force essa intimidade e "amor" depois de
alguns poucos dias juntos
isso me cheira a "bobão"
não existe "santinho"
eu tô casada comigo lindeza
ok estou aprendendo a lidar com a minha
afetividade...ui...
e não vou parar.
essas coisas vivem e morrem
como tudo..
eu vou sair e sentir
a noite...e pronto.




Dos cuerpos - Octavio Paz

Dos cuerpos frente a frente 
son a veces dos olas 
y la noche es océano. 

Dos cuerpos frente a frente 
son a veces dos piedras 
y la noche desierto. 

Dos cuerpos frente a frente 
son a veces raíces 
en la noche enlazadas. 

Dos cuerpos frente a frente 
son a veces navajas 
y la noche relámpago. 

Dos cuerpos frente a frente 
son dos astros que caen 
en un cielo vacío.

terça-feira, maio 09, 2017

Uma cartinha do Hegel...belo e moral...ui..



Para Marie,
13 de abril de 1811

Suba comigo aos cumes das montanhas
Desprende-te das nuvens
Deixe-nos estar aqui no éter,
Na luminosidade do incolor colo

O que a opinião no sentido tem lançado,
Metade de verdade e de ilusão é misturada,
As névoas sem vida estão dissipadas,
Sopro de vida e de amor ela tem mesclado.

Lá embaixo este vale do estreito nada,
Mera pena, que com pena se paga,
Sentido apático ao desejo interligado,
Nunca por seu coração foi habitado.

Do vale escuro se eleva a ti o maior ansiar,
Do interior dele se abre
Para ti a luz do bom e do belo,
Toma nessa colina matinal teu caminho.

Brilha mais vermelho o sol seus raios;
Indeterminado castigo tece
Pelo ensino e saber deste aroma
Para a imagem, na qual o desejo vive.

Mas fora dele não bate mais nenhum coração;
Como os tons de saudade ele recebe,
Manda eco sem alma ele novamente,
Em si mesmo ele permanece apertado.

Os sentimentos, que nos nervos se deleitam,
Tem trazido para si aspiração lisonjeira;
Neste nevoeiro a alma precisa murchar
Vento mais venenoso é essa fumaça de sacrifício.

Veja aqui o altar nos cumes das montanhas,
Em que a Fênix na chama morre,
Para na juventude eterna ressurgir,
Que ela apenas nas suas cinzas adquire.

Sob si foi varrido seu sentido,
Tinha-o para si mesmo reservado,
Agora deve seu ponto de ser-aí desfazer.
E a dor do sacrifício foi para ele difícil.

Mas sentindo uma imortal aspiração,
Algo o impulsiona além de si mesmo;
Mesmo se a natureza terrena temer,
Leva-o adiante nas chamas.

Tombam assim fortes laços que nos separam,
Apenas um sacrifício é o caminho do coração;
Expandir eu para você, você para mim,
Vá para o fogo o que nos isola!

Pois a vida é apenas mudança de vida,
Que o amor no amor cria;
As almas afins se consagram,
O coração torna-se sua força.

Suba o espírito nos livres cumes das montanhas,
Ele não se reserva nada de próprio;
Eu vivo, para me ver em ti, [e] tu para se ver em mim,
Assim gozamos o céu de felicidade.


Trad. Paulo Konzen

domingo, maio 07, 2017

Abóboda púrpura

A cor do céu
hoje
na segunda vez que o vi
era fúcsia e lilás
estava tão lindo
como nunca vi
metade metade
foi fundamental sem saber pra quê
a lua
mágica sobre mim
num work sunday do meu inferno astral
pra que eu pudesse pensar
a querência de que significasse algo
aquela áurea natural de uma nova cor
ocupando não somente o horizonte
mas, o mundo do céu todo ...
e se ele pudesse
me indicar algo vital
primordial...divino
outro mundo possível
um destino a mirar
com surpresa logo
um sonho não sempre azul a realizar
aquele que eu sequer hei
de imaginar
pode ser parecido com sonho violácea mais halo lunar...
depois disso, rapidamente,
ficou noite
eu vi uma estrela
apenas
da via láctea...
peguei o ônibus
fui pra casa e dormi.


sexta-feira, maio 05, 2017

Distâncias Mínimas

um texto morcego
se guia por ecos
um texto texto cego
um eco anti anti anti antigo
um grito na parede rede rede
volta verde verde verde
com mim com com consigo
ouvir é ver se se se se se
ou se se me lhe te sigo?


Paulo Leminski

Elefante Branco

ainda é a sua cara
que insiste em vir
e que audácia
sonha ser poesia
como podes?

não coincide com a vida
do mundo de hoje
prático e simples
sem confissões ego ego

não importa
era pra eu ser uma poetisa
que diz do que pode ser universalizável

até parece que podes 
e que a poesia é alguma
descrição do seu dia...

ou é uma cara
que você retoma
por compartilhar o que?
não é a cara...
o corpo? só o corpo?
ah tá...só isso....ok
o corpo....

ah Sâmara
você afirma e nega
porque não consegues descrever
tudo que sentes?

é raiva de que?
dessa sua inconsistência no isolamento
de ficar sonhando filosofia
de achar tudo ridículo ou estranho
a vida...o sonho

?

mentira...
o sonho é a uma verdade dessa vida...
vida filosofante....gigante
elefante "branco" ante perante
adiante
infante amante

pra encher e depois pra esvaziar...
de coisas lindas 

e a raiva é sobretudo cansaço,
cansaço....

quinta-feira, maio 04, 2017

O poder purificador da poesia é assustador.
é abrir a janela e dar de cara com o sentido.
Ver aquele pedaço de mundo bem ali
na frente.

Mucha atención...

Hey! me gustó saber de ti
saber que me envia cosas en
emails institucionales
saber que eres "hombre de família"
me pareceu bonito eso...
lo que destoa sin culpa del
acordar de mi piel tan exposta
como si eso era seguro o normal..
ni siquiera contesté...
ni dije nada de mi sangre en las sábanas...

y puedo imaginar tus dias en la neblina
a escuchar The Cure y Pärt...
y imaginar como és
cuando presente
en las montañas del otro extremo...
imaginarte mui sóbrio y ébrio
ao mismo tiempo.

saber que a ti tambien hace falta clareza
en dias, anos difíciles

te digo que es posible
experimentar su ausência
por puro deseo
y impossibilidades
várias
saber que invento sentidos
para dar la color que quiero
a mi experiência

saber que en fluxo
seguiremos
con alguna possibilidad
de sorpriendermonos
algun dia
con nuestra presencia

és bueno imaginarte
e darte la respuesta
que así me gusta...
por mas ridiculous que sea..
en mis intenciones de poesia
puedes leerme...si quieres
y mis comparaciones
fenomenológicas...que ahora
poco importan.

Cuida mucho de ti y de los suyos.

Besos.

domingo, abril 30, 2017

DIARIO DE UN SEDUCTOR


No es tu sexo lo que en tu sexo busco
sino ensuciar tu alma:
desflorar
con todo el barro de la vida
lo que aún no ha vivido.

Leopoldo María Panero

sexta-feira, abril 21, 2017

Dionísio quero a vida líquida

Baco
você pode ver
eu não busco mais o belo
ou o interessante
daqui...digamos
eu não consigo mais vê-lo
aqui...
eu só vejo o sol
escuto o barulho das reclamações
eu quero a missão
acabo de me alistar
pra fugir do passado
que agora é presente
não será guerra ou sonho
será o futuro
um frio que será quente
quando se realiza
o belo é verdade, e até a neblina é linda
I know, Im crazy and drunk
mui cerca del corazón, mejor así
o que agora é tão pouco
será tudo e muito
e meu eu projetará o que quero
tudo
tin tin por tin tin
tin tin Baco!
hahaha
e eu terei surpresas no fluxo
nessa vida líquida
quem precisa de copo?
essa garrafa é o falo do Baco
que eu abro a boca para receber
o néctar de Dionísio...hahaha
sim, se algo foge do querido, esperado
o eu aqui pode projetar uma nova
realidade que almeja
e
hein??
sim, candidatura lançada agora
com o Baco. Vamos Vênus, aja!
afinal, cada um cria a realidade que
quer.
Eu Dionísio no caminho
sigue, vida, sigue, sigue...


"SONETO DEL VINO"

Jorge Luis Borges

¿En qué reino, en qué siglo, bajo qué silenciosa
Conjunción de los astros, en qué secreto día
Que el mármol no há salvado, surgió la valerosa
Y singular ideia de inventar la alegria?
Com otoños de oro la inventaron.
El vino fluye rojo a lo largo de las generaciones
Como el río del tiempo y en el arduo camino
Nos prodiga su música, su fuego y sus leones.
En la noche del júbilo o en la jornada adversa
Exalta la alegria o mitiga el espanto
Y el ditirambo nuevo que este día le canto
Otrora lo cantaron el árabe y el persa.
Vino, enseñame el arte de ver mi propia historia
Como si ésta ya fuera ceniza en la memória.





A la mudanza de la fortuna

Juan de Arguijo

Yo vi del rojo sol la luz serena
turbarse, y que en un punto desaparece
su alegre faz, y en torno se oscurece
el cielo, con tiniebla de horror llena.

El Austro proceloso airado suena,
crece su furia, y la tormenta crece,
y en los hombros de Atlante se estremece
el alto Olimpo, y con espanto truena;

Mas luego vi romperse el negro velo
deshecho en agua, y a su luz primera
restituirse alegre el claro día,

Y de nuevo esplendor ornado el cielo
miré, y dije: ¿Quién sabe si le espera
igual mudanza a la fortuna mía?

sexta-feira, abril 07, 2017

Para Juan

Deus se não há amor
dá me a alma liberta para encontrar
a palavra dada por ti
em minha boca o teu raio
venha brilhar
por que se do amor
eu souber falar
já me contentaria
antes mesmo que amar

mentira tua
a palavra só virá
quando souber
descrever o que no
peito transborda

na visão se vê
na espinha aperta
no corpo está cheio

venha, venha
amado Juan
que eu me espantarei
ao ver tua cara
pois meu amor
não vem de ti
ele sai de mim
é todo meu....lindeza.

é todo seu jogo
que me envolve
e sua ausência o torna
tão presente.

enfim,
o seu corpo preencheria
o meu sim
e é isso que eu sonho.

Merd

tenho imagens
fantasias armazenadas na memória
não há diálogo
não há mais uma imagem nova
fico com aquelas velhas
o que salva é meu gozo em
suas mãos
seus desenhos todos
que vão estilhaçando
fragmentos soltos
eu tento destruir tudo
ver como você quer se destruir
é um bom incentivo
uso todos os seus insultos
como um porrete pra bater na minha
cabeça
não funciona
isso tudo por que eu ainda não te substituí
não há outra pica
pronto,
quero dizer, há picas por aí...
que eu não quero e você sabe
merdaaaa

é preciso comprar uma botelha
chamar Baco Graco pra fazer companhia
a casa vazia
é um convite para eu encontrar
a mais linda de todas...kkkk
eu!

está decidido eu vou me embora
deste país,
não há uma pica sequer
aqui pra mim.
kkkkk

ahhhhhhhhhh

eu quero os poetas portugueses
ou os bon vivants franceses
ou qualquer outra loucura
que não seja teu desprezo
afinal
é ele mesmo que me faz tão ligada a ti...rs




divagações

eu volto pro bairro
a França está longe demais
eu volto a querer um rubio
falso
afinal, eu tbm carrego a
artificialidade na cabeça
que nem sequer é mais "amigo"
uau... ui....
meu Deus, que jogo...

ai
tudo por que é mais uma sexta
e me falta drogas, nem quero mais....
me falta picas, quero, uma bem boa...
me faltam filmes
só não me faltam

sonhos.

a sequência segue
seu pé
e minha bunda

vida que segue.
kkkkk

grande drama...
aff

eu sei que um dia vou rir disso.

quinta-feira, abril 06, 2017

Ventos do Sul

Amor quer despertar-me outra vez?
por que retornas neste exato momento
em que eu já pensavas n'outro?

por que fostes o verdadeiramente rubio
e no fundo dos teus olhos eu via
um inseguro azul que me banhava

aquelas noites do Porto
e nas montanhas foram tão lindas
um sonho dentro do sonho que é
minha vida

aquela botelha naquele hotel
e todas as brigas
aquele desmedido ciúme
parecendo que era de quem
muito amava

agora te vendo
eu nem sei
eu sinto
que o sonho
é sonho mesmo
mas, se é de dois....
a loucura se ajeita.

quarta-feira, abril 05, 2017

Quem?


Não sei quem és. Já não te vejo bem... 
E ouço-me dizer (ai, tanta vez!...) 
Sonho que um outro sonho me desfez? 
Fantasma de que amor? Sombra de quem? 

Névoa? Quimera? Fumo? Donde vem?... 
- Não sei se tu, amor, assim me vês!... 
Nossos olhos não são nossos, talvez... 
Assim, tu não és tu! Não és ninguém!... 

És tudo e não és nada... És a desgraça... 
És quem nem sequer vejo; és um que passa... 
És sorriso de Deus que não mereço... 

És aquele que vive e que morreu... 
És aquele que é quase um outro eu... 
És aquele que nem sequer conheço... 

Florbela Espanca, in "A Mensageira das Violetas" 


Soneto XXX

Sospechas, que en mi triste fantasía
puestas, hacéis la guerra a mi sentido,
volviendo y revolviendo el afligido
pecho, con dura mano noche y día;

ya se acabó la resistencia mía
y la fuerza del alma; ya rendido
vencer de vos me dejo, arrepentido
de haberos contrastado en tal porfía.

Llevadme a aquel lugar tan espantable,
que, por no ver mi muerte allí esculpida,
cerrados hasta aquí tuve los ojos.

Las armas pongo ya, que concedida
no es tan larga defensa al miserable;
colgad en vuestro carro mis despojos.

Garcilaso de La Vega

quarta-feira, março 29, 2017

Estertor

não! não podes morrer
no meu horizonte
por que fiquei eu assim
tão enlouquecida por ti?

escutando-me balbuciar  todos os dias
o teu
nome em vão
a buscar-te por todos os lados
no espasmo espero-o
como um espectro que no fim
da tarde
viria ao encontro

vendo teus pés no chão
esperando ao pé da porta
que eu lhe abrisse
e assim
ocupasse tudo o que era meu
desde então...

seria mais uma alucinação
do meu distúrbio paixão
no seu apogeu porque você
não quer ser visto
e tocado
por minhas mãos

nem sequer quer ser
beijado
e desejado
com minha imaginação ardente

você insiste em virar cinza
neste clarão...
tão vivo
aqui
em mim.

respiro
sôfrega
o fôlego
desejante
estertor.

terça-feira, março 28, 2017

Situação

eu não quero pensar no trabalho
na meta
eu não quero pensar em todas as pessoas
que também pensam na meta
eu não quero mais pensar sua ausência


é impossível eu não pensar nisso
somos seres situados
a percepção é situada sempre
essa é a minha situação?
que merda
eu faço parte da sua situação?
merda nenhuma
eu já morri
nem existo mais
eu insisto em sua imagem
eu quero
eu nem sei o que quero mesmo
acho que é calor
seu calor
seu beijo
sua presença?
a minha presença na sua presença?

não, eu não preciso do seu beijo
é tudo sonho
tudo sonho
eu vivo neste quarto um grande sonho
onde foi que eu pus a vontade de me tornar
aquela coisa
de ser filósofa?
eu sou filósofa...
num sonho situado que deseja fazer do
sonho poesia
seu beijo meu prêmio
seu peito meu ninho
seu amor meu meu meu

nosso amor no meu caminho
meu sonho situado
nesse tempo de agora
que não quer morrer
para viver na lembrança
de um sonho de antes

cadê o artigo sobre body schema x body image?

eu aprendo
a me amar mais
sem você.....
aaaaaiiii

eu não gosto desta minha situação
e parece que me falta sua presença
eu quero qual situação?

como mudar a situação?

ahhhhh Sâmara...
a situação é sua vida
é como vc vive sua consciência
nessa situação
ela só pode existir assim
numa situação....

e se não tivesse situação nenhuma?
impossível....
talvez os autistas....rs

ok

entendeu o conceito de percepção situada
mas entende também que muito da situação é sonho
pra ser pensado
no quarto

ok
um banho quente me faz sentir
a percepção de uma realidade
em que estou mais ancorada no fluxo
andaaaaaaaaa

a imaginação sempre invadindo a situação
mas...
tinha aquele corpo

é corpo....
aquele corpo...
eu inventei aquele corpo?
eu inventei aquela presença?
o que foi que eu inventei?

pootz...
banho

segunda-feira, março 27, 2017


https://soundcloud.com/fernando-cerro/cecilia-samara-fer




A vida só é possível reinventada.
Anda o sol pelas campinas e passeia a mão dourada pelas águas, pelas folhas. . .
Ah! Tudo bolhas que vêm de fundas piscinas de ilusionismo... – mais nada.
Mas a vida, a vida, a vida, a vida só é possível reinventada.
Vem a lua, vem, retira as algemas dos meus braços.
Projeto-me por espaços cheios da tua Figura.
Tudo mentira! Mentira da lua, na noite escura.
Não te encontro, não te alcança...
Só - no tempo equilibrada, desprendo-me do balanço que além do tempo me leva.
Só - na trevas fico: recebida e dada.
Porque a vida, a vida, a vida, a vida só é possível reinventada.

Cecília Meireles

domingo, março 26, 2017

Divagações sobre alguma meta

o espanto
o espanto da reflexão
a visão da ação
o absurdo da falta de sentido
e cada vida em sua melhor performance
ora parece um grande absurdo
por ser exatamente como é
como a fizemos
como a vivemos
e cada vida
um grande absurdo
uma maravilha
cada corpo
um vislumbre
uma porta para o afeto
num abraço

e todo o sentimento
afundado no peito
no olhar
pede passagem


haverá algum destino
alguma visão de que pode se ter
alguma certeza?
uma verdade?

tudo o que é sentido
depois de fulgurar no peito
vira memória
narrativa
de novo o self pensante
confabula

por que sente
como sente
por que age como
se fosse uma
estúpida

és realmente uma estúpida?

esses momentos
de sentimentos
estúpidos

que parecem mentiras
que não podem ser importantes
que são parte de uma vida
ridícula
que se pensa
que pensa que se pensa

porra nenhuma....
vive
e segue apenas
sem saber o rumo
sem saber

quarta-feira, março 22, 2017

Teixeira de Pascoaes

Segunda Fala

Sinto, às vezes, em mim, aquele incêndio trágico 
Da cólera que irrompe em chamas de furor... 
E a este meu coração alucinado e mágico 
Desvenda-se um aspecto ignoto do Amor. 
Sinto dentro de mim a alma da Tempestade 
E no meu peito fez seu ninho a Destruição. 
Há momentos de dor, de fúnebre saudade 
Em que todo o Universo é um mar de escuridão ! 
Há horas, nesta vida, em que tudo o que existe 
É nuvem tormentosa e escura de trovoada... 
As árvores têm um ar desiludido e triste 
E a própria luz do dia é treva disfarçada... 
Há horas em que a Vida é um pântano miasmático, 
Onde passeia triste a pálida Doença, 
Quando o Poeta fica angustioso e cismático. 
Solitário, a chorar sobre uma noite imensa!... 
Horas de Negação, momentos de Niilismo, 
Quando uma voz de morte e de descrença escuto. 
Quando o Nada se vai sentar sobre um abismo. 
Quando a própria Esperança anda toda de luto... 
Nestes momentos, cada homem é uma fera; 
O amor abandonou, em lágrimas, seu peito. 
Morreu no seu olhar o clarão da Quimera, 
Fez-se na sua alma a noite do Imperfeito ! 
Cada cérebro humano é floresta sombria. 
Onde há ideais que se trucidam, num delírio! 

Ó noite imensa onde há soluços e estertores 

Que o vento leva, como pétalas de flores ! 

Onde vagueiam, como sombras. Ansiedades; 

Onde há Delírios, Esperanças e Vontades 

Que se elevam no azul, que agitam grandes asas, 

Fazendo voar a cinza onde agonizam brasas 

Que são espectros de Desejos que arrefecem, 

Ou símbolos de sóis vermelhos que anoitecem... 

A noite do mistério, onde sonha e murmura 

Tanta alma. Senhor, e tanta criatura, 

Esse mundo de sombra e névoa e de segredo, 

Onde uma nuvem vive e onde habita um rochedo, 

Produz-me uma impressão longínqua e inatingível, 

Uma estranha impressão oculta, intraduzível ! 

Perto de tanta alma e tanto coração 

Só sinto, ao pé de mim, a fria solidão ! 

Eu sou um solitário, oh triste isolamento ! 

Das cousas vivo só no seu distanciamento! 

E todavia este meu ser misterioso. 

Assim como uma flor dum tronco musculoso, 

Da terra inteira, num abril, desabrochou... 

E nunca mais donde saiu se recordou ! 

Ficou um ser à parte, abandonado e triste. 

Não sabendo o que foi, ignorando o que existe, 

Embora noutro tempo ele andasse disperso 

Por todo esse infinito e por todo o Universo. 

Eu que vivi na consciência da Natura, 

Que fui a sensação de cada cousa escura. 

Eu que fui o ideal dos seres existentes. 

Porque olham para mim, frios, inconscientes 

Do que eu sou — eu que fui o que eles são ainda, 

Eu que fui um clarão da sua luz infinda?... 

E porque os vejo eu também nessa impotência 

De os compreender, eu que já fui a sua essência? 

Porque é que deles eu fiquei tão afastado? 

Porque fiquei eu duma flor tão isolado? 

Tão distante da luz, das nuvens e das fontes. 

Que, sempre que eu estendo o olhar p'los horizontes, 

Eu sou a eterna voz do Belo e da Verdade 
Que vai ecoar, ao longe, em murmúrios d'amor, 
Derramando-se assim por toda a imensidade, 
Desde o peito dum tigre ao cálix duma flor ! 

Sou o trabalho, o esforço, a suavidade e a paz, 
O prazer natural e o duro sofrimento... 
Vivo no coração que sob a terra jaz, 
Na harmonia do azul, no delírio do vento!... 

Eu sou um mundo imenso ainda por criar... 
Que ainda existe na névoa eterial da Origem... 
Como um astro, eu espero a hora de raiar, 
A hora da concepção, como esperou a Virgem ! 

Sou tudo o que há-de ser, tudo o que há-de existir, 
Sou tudo o que uma alma, em êxtase, pressente... 
Sou a voz do Futuro, essa voz que há-de ouvir 
Tudo o que sonha e vive, o que estremece e sente ! . . . 

Sou um gérmen ainda, à luz do grande dia 
Que brilha em cada puro e sábio coração... 
Sou a aurora ideal duma estranha harmonia, 
Sou, ainda num beijo, a nova Criação ! 

Sou ainda o Incriado, o Inominado ainda, 

Por isso eu tenho um ar não sei de que tristeza... 

Sou, numa escura noite, aquela luz infinda 

Que há-de transfigurar, num sonho, a Natureza!... 

Sou, ainda em silêncio, a voz misteriosa 
Que ao mundo há-de ensinar uma nova Piedade 
Na língua universal que entenderá uma rosa. 
Como uma árvore em flor entende a claridade!... 

Realidade hei-de ser, já que sou o Ideal. 
Em mim germina um mundo; a voz de Deus escuto. 
Hei-de criar porque meu ventre é virginal. 
Sonho, hei-de ser acção; e, flor, hei-de ser fruto. 
Teixeira de Pascoaes