Eu nunca sei quando as estórias acabam. Por isso sempre
fico preso entre uma e outra, ou entre nenhuma e nenhuma
outra; entre um recomeço sem fim e um fim sem término.
Talvez por ser mais espectador, ou coadjuvante, do que
protagonista da minha vida, tenha essa enfermidade de
não dar conta de quando baixa o pano.
As luzes apagam, o público sai, os colegas limpam a
maquiagem e eu continuo lá: com a fala na cabeça, o
texto decorado, aguardando a deixa.
A deixa que nunca vem.
Sempre tive medo das coisas e das pessoas. Um pavor e
uma falta de fé. Talvez por isso eu tenha criado minha
própria companhia teatral, onde sou diretor; contra-
regra; atores e público.
Enceno só para mim uma tragicomédia.
A realidade me faz tão mal e me deixa tão fraco que
fico, no fundo do palco, muitas vezes, a sussurrar o
texto a mim mesmo.
Às vezes não ouço.
Quase sempre não ouço, porque sussurro baixo e minha voz
é trêmula...
O público não entende a peça, logo, não aplaude. Eu,
furioso, demito a todos: ao autor; ao diretor; aos
atores...
Expulso o público do teatro e ateio fogo a tudo.
E ali dentro fico eu, junto às cortinas e aos holofotes,
incandescentes; queimando, queimando, queimando...
Alejandro da Costa Carriles